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Capítulo 17: XVII - História dos brilhantes

Página 98
Escolhe. Juro-te que não levantarei cinco réis deste, e do que vier, sem que tu estejas formado. O que peço é que me alugues melhor casa e que a mobiles com mais limpeza. Peço-te muito por ti, e pouquíssimo por mim. Estamos em março; vê se consegues ainda este ano continuar a aula que interrompeste em fevereiro, há quatro anos. Forma-te, meu querido irmão, e serás depois o meu amparo. Então descansarei confiada somente aos teus cuidados.

A lei não permitia abrir matrícula extemporaneamente. Todavia, Francisco passou o restante do ano recordando matérias esquecidas desde as mais rudimentares das aulas preparatórias. Melhorou de casa, comprou livros, sentiu-se renascer, abendiçoou muitas vezes a Providência que sugerira no coração de quem quer que fosse a virtude de repor um roubo - virtude dificílima, digo eu, que encheria o céu de santos, se os ladrões, uma bela manhã, se combinassem para expulsar de lá os bem-aventurados por virtudes fáceis. Roubar e restituir depois, dizia ele, inculca uma transformação moral de tal magnitude que não se faz mister provar com outro fenómeno a divindade da religião que operou tal maravilha.

No primeiro capítulo deste livro vem contado o prosseguimento da venda dos brilhantes até completar-se a formatura de Francisco Costa, concluída em 1846. A ilusão do estudante nunca sofreu quebra. A restituição orçava por 1.650$000 réis, quando o cirurgião-médico, desgostoso de se ver sem clínica, bem que se distinguisse em prémios e habilidade operatória, deliberou aceitar a proposta dum armador para ir ao Rio de Janeiro como cirurgião duma galera. O proponente era Hermenegildo Fialho, sujeito que Francisco nem de nome conhecia. Aceitou sob partido que ficaria no Rio, se lhe aprouvesse.

Joana, na véspera de embarcar-se o irmão, pediu de joelhos a D.

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Capa do livro Os Brilhantes do Brasileiro
Páginas: 174
Página atual: 98

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Aflições sudoríferas 1
II - 1.600$000 Réis! 5
III - Retratos do natural 12
IV - Tribunal de honra 15
V - Considerações plásticas 20
VI - Amigos do seu amigo 26
VII - Revelações cómicas 32
VIII - Revelações tristes 36
IX - Amores fatais 41
X - O Poeta 48
XI - Sonhos e esperanças 55
XII - A Fuga 59
XIII – Desamparo 63
XIV - Via dolorosa 68
XV - Meio milhão! 76
XVI - Por causa do Fígaro 85
XVII - História dos brilhantes 90
XVIII - A Infamada 100
XIX - Amor-próprio 106
XX - O Doente e o doutor 110
XXI - Morre Hermenegildo 119
XXII - Felicidade suprema 123
XXIII - Os homens honestos 132
XXIV - A Opinião pública 135
XXV - O Cego 141
XXVI - A Providência 145
XXVII - Vem rompendo a luz 149
XXVIII - Confidências do cego 154
XXIX - Luz! 162
XXX – Finalmente 168
Conclusão 172
Epílogo 174