— Conversar? Quer dizer que ela falou?
— Sim. Quando cheguei a casa, fui encontrá-la na sala de aulas.
— E que foi que ela disse? — É como se ainda estivesse a ouvi-la, com a candura do seu espanto.
— Que é obrigada a sofrer os tormentos. . . ?
A mulher conteve a respiração.
— A sofrer os tormentos... dos malditos?
— Dos malditos. Dos danados. E é por isso, para poder partilhá-los... — A minha voz perdeu-se na simples ideia desse horror.
Mas a minha amiga, possuidora de uma imaginação bastante menos fervilhante, instou-me a prosseguir:
— Para poder partilhá-los...?
— Ela quer a Flora. — Ao escutar aquilo, e caso eu não estivesse preparada para a reter, por certo que a mulher teria fugido de mim. Mas consegui impedir esta fuga inevitável, já que queria expor-lhe o meu raciocínio.
— Porém, tal como já lhe disse, isso agora não tem qualquer importância.
— Porque já se decidiu? A fazer o quê?
— Tudo!
— Posso saber o que entende por «tudo»?