Parecia tudo menos um cenário arrepiante. Ainda assim, oh!... —Ele afastou-se da lareira e deixou-se cair de novo na poltrona.
— Vai receber a encomenda na quinta-feira de manhã? — perguntei.
— Talvez só na segunda distribuição do correio.
— Nesse caso, depois do jantar...
— Vocês vão estar todos aqui? — Os seus olhos percorreram-nos a todos. — Ninguém está a pensar em partir mais cedo? — O tom da sua voz quase demonstrava esperança.
—Ninguém vai sair daqui!
— Eu fico!... E eu também! — exclamaram as senhoras cuja partida fora anunciada. Contudo, Mrs. Griffin expressou a necessidade de ver esclarecidos alguns pormenores. — E por quem estava ela apaixonada?
— A história encarregar-se-á de o revelar — repliquei eu.
— Oh, mal posso esperar por essa história!
— A história não o vai dizer — contrariou-me Douglas. — Pelo menos, não no sentido literal, vulgar.
— Pior ainda. É a única forma que tenho de compreender as coisas.
— E não o vai dizer, Douglas? — ouviu-se uma outra voz perguntar.
Ele voltou a levantar-se.
— Sim... amanhã. Agora tenho de recolher-me. Boa noite! — E, pegando rapidamente num candelabro, abandonou a sala, deixando-nos a todos um pouco admirados. Escutámos os seus passos à medida que subia a escada. Passados alguns instantes, Mrs. Griffin quebrou o silêncio.
— Bom, embora não saiba por quem ela estava apaixonada, sei por quem é que ele estava.
— Ela era dez anos mais velha — afirmou o marido.
— Raison de plus. . . naquela idade! Todavia, é bastante simpática, a sua grande renitência.
— Quarenta anos! — exclamou Griffin.
— E, finalmente, esta espécie de desabafo.
— O desabafo — disse eu — fará que a noite de quinta-feira seja uma ocasião inesquecível. —Todos concordaram comigo que, com essa perspectiva, o interesse por tudo o resto se perderia. A última história, apesar de incompleta e semelhante a um simples prólogo, acabara por ser contada. Assim, depois das despedidas, cada um pegou no seu candelabro e recolheu-se.