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Capítulo 22: XXII - Educação comercial

Página 275
do aperto… Qual!… Aqui é que eu os quero ver… No fogo é que se conhecem os soldados… Isto de queimar pólvora em fogos presos não presta para nada… Ora escreva, escreva lá, faça o que eu lhe disser e deixe-se de teorias. Não tenha vergonha de aprender. Todos aprendem até à morte.

E principiou a indicar-lhe a maneira de riscar o papel, as inscrições que tinha a fazer, as verbas que devia registar, e isto tudo sem lhe deixar passar por alto a mínima particularidade.

Carlos obedecia-lhe com tal docilidade de discípulo, que fazia rir Cecília.

– Vá; escreva aí, no alto da folha – disse Manuel Quintino –: Factura de… agora um género qualquer que queira carregar.

– De paciência então, que é género de que o Manuel Quintino bem precisa por agora para aturar a moléstia.

– Então! Está a brincar, ou que faz? Paciência preciso, mas é para o aturar a si.

– Paciência confiada ao cuidado de meu pai! – dizia Cecília – Valha-nos Deus! que não é homem que tenha cautela com a mercadoria.

– E adeus! Estão as duas crianças a brincar. E eu que as ature!

Se Manuel Quintino tivesse mais algum conhecimento dos pequenos mistérios do coração, não falaria assim colectivamente de Carlos e Cecília. Isto de os confundir debaixo da denominação genérica de crianças era imprudente, no estado actual dos sentimentos de ambos.

Prosseguiu a indicação da maneira de encher a factura e com isto terminou a lição.

Em seguida, serviu-se o chá, que naquela noite não soube a José Fortunato como de costume.

Manuel Quintino, apesar das suas impaciências, estava, de si para si, espantado de tanto que sabia Carlos.

– Que esperteza de rapaz! – dizia ele para Cecília, quando esta, depois de todos se haverem retirado, fazia engolir ao pai a última chávena de caldo daquele dia e lhe arranjava os travesseiros para o sono da noite.

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pág. 275 (Capítulo 22)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 275

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432