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Capítulo 32: XXXII - Os convivas de Mr. Richard

Página 369
O que é possível é que, em virtude das especiais condições geográficas da Inglaterra e da sua natureza insular, ela não participe da sorte dos grandes continentes, dos quais está desligada; que prevaleça e sobreviva à ruína e submersão deles, vendo até acrescerem ao seu território as novas terras, que o cataclismo arrancar do fundo dos mares. Então talvez, e só assim, se poderá realizar o futuro que Mr. Brains imagina, sendo os ingleses os únicos possuidores do globo.

Depois, como se receasse que esta tão extravagante como patriótica teoria geológica não tivesse sido compreendida, acrescentou:

– Porque… reparem. Vejam este chapéu – e tomou para exemplo o chapéu de pano que servia a Mr. Richard durante as suas operações hortícolas. – Suponhamos esta copa o mundo; sendo as saliências das dobras os continentes, e as cavidades os mares; aquela pequena saliência do meio, que fica isolada das outras, seja a Inglaterra. Carregando eu nas saliências exteriores, até as desfazer, as cavidades elevam-se e vão aumentar a saliência do meio. Vêem?

E, como para não perder a feição pessimista ainda nesta concepção, concluiu:

– Talvez fosse uma felicidade que todas as saliências se desfizessem de vez!

Já vêem os leitores que, embora por processos diferentes, os dois compatriotas de Peel aguardavam com fé viva o mesmo fenómeno na história do futuro – o soberano predomínio da nação inglesa sobre o mundo inteiro.

Esta é de facto a crença de todo o verdadeiro inglês, diversificando apenas, como os dois grandes exemplares que o leitor tem à vista, na maneira de concebê-la realizada.

Mr. Richard sorriu à teoria histórico-geológica do amigo.

– Será bom que, por cautela, nos vamos passando para a ilha, Mr. Morlays. O fundo dos mares não é grande clima para viver, e o cônsul de Sua Majestade não nos isentará de sermos engolidos como simples portugueses.

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 369

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432