Que infelicidade que este segredo deva morrer com o seu inventor!
O Capitão Nemo não me respondeu
Percebi que minha observação não tinha sido feliz, mas o nosso diálogo me interessava. Para retomá-lo, fiz-lhe uma pergunta que sabia ser do seu agrado.
- Pode-me informar sobre a origem do nome deste mar, capitão?
- Existem numerosas explicações sobre o assunto. Quer saber a opinião de um cronista do século XIV?
- Com todo o gosto.
- Esse fantasista pretende que o nome lhe foi dado depois da passagem dos israelitas, quando o faraó e o seu povo teriam perecido nas águas que se fecharam a uma ordem de Moisés: “Devido a este milagre tornou-se o mar vermelho e não sabendo como nomeá-lo, Mar Vermelho lhe chamaram.”
- Explicação de poeta, Capitão Nemo, com a qual não me contento. Gostaria de saber a sua opinião pessoal.
- Pois, Sr. Aronnax, na minha opinião deve-se ver neste nome uma tradução da palavra hebraica “edrom”. Se os antigos lhe deram esse nome foi por causa da cor característica de suas águas.
- Mas até agora só vi águas límpidas, sem qualquer coloração especial.
Observei isso, premeditadamente.
- Sem dúvida. Mas avançando para o extremo do golfo o senhor irá notar essa aparência peculiar. Lembro-me de ter visto a Baía de Tor completamente vermelha, igual a um lago de sangue.
- E o senhor atribui essa cor à presença de alguma alga?
- Sim. Trata-se de uma matéria mucilaginosa purpúrea produzida por plântulas conhecidas pelo nome de “trichodesmies”.