Naquele momento ouviu-se um silvo e o dugongo desapareceu. O arpão, lançado com toda a força, sem dúvida tinha acertado no alvo.
- Com mil diabos! - exclamou o canadiano, furioso. - Falhei!
- Não - disse eu. - O animal está ferido porque há sangue nas águas, mas o arpão não ficou preso ao corpo dele.
- O meu arpão! - gritou Ned Land.
Os marinheiros recomeçaram a remar e o timoneiro dirigiu o bote para o barril flutuante. Recuperado o arpão, começou a perseguição ao animal ferido. De vez em quando ele subia à superfície para respirar. O ferimento não o enfraquecera porque avançava com extrema rapidez de um ponto para outro. A embarcação, manobrada por braços vigorosos, voava no seu encalço. Por várias vezes se aproximou dele até poucas braças de distância e o canadiano preparava-se para arpoar mas o dugongo desaparecia, mergulhando subitamente.
Estivemos a persegui-lo durante uma hora e eu já começava a crer que seria muito difícil apanhá-lo, quando o animal foi acometido por uma infeliz ideia de vingança. Voltou-se para o bote, disposto a atacar. Ned Land entendeu a intenção dele e gritou para os homens dos remos que ficassem atentos.
Chegando a uns seis metros da nossa embarcação, o dugongo parou e aspirou bruscamente o ar com suas enormes narinas. Depois, com todas as suas forças precipitou-se em nossa direção. O timoneiro não pôde evitar o choque. Contudo ele foi extremamente hábil e fomos abalroados de lado livrando-nos de que o bote se virasse.
Ned Land, agarrado à roda de proa, enchia de arpoadelas o corpo do gigantesco animal. Com os dentes cravados na armadura do bote, a fera o levantava fora da água e o sacudia tentando desmantelá-lo.