- Isso tudo é verdade, senhor. Mas aplica-se a qualquer tentativa de fuga que fizermos, quer tenha lugar hoje ou daqui a dois anos. Portanto, a questão continua a ser: devemos ou não aproveitar uma ocasião favorável para tentarmos a fuga?
- Ainda quero preveni-lo de que o Capitão Nemo sabe que não renunciamos à esperança de recuperar a nossa liberdade. Ele estará sempre alerta, especialmente nos mares à vista de costas europeias.
- Sou da mesma opinião - manifestou-se Conselho.
- Veremos - disse Ned Land, com ar bastante determinado.
- E agora, mestre Land - falei para encerrar o assunto - fiquemos por aqui e nem mais uma palavra sobre isso. No dia em que estiver pronto para a tentativa, avise-nos e seremos seus companheiros.
Essa nossa conversa viria a ter graves consequências.
No dia seguinte, 14 de fevereiro, aconteceu um fato que me pareceu muito importante. Como sempre fazia quando o submarino navegava submerso, eu ficava de olhos pregados nos painéis do grande salão, olhando as maravilhas da fauna marítima e fazendo minhas anotações.
Nesse dia eu fui surpreendido por uma aparição realmente inesperada no painel. No meio das águas apareceu um homem, um mergulhador, tendo à cintura uma bolsa de couro. Não era um corpo abandonado nas águas.
Estava vivo e nadava com braçadas vigorosas, desaparecendo de vez em quando, possivelmente para ir à superfície respirar e voltando a aparecer no vidro do painel.
Virei-me para o Capitão Nemo e lhe disse:
- Um homem, capitão, ali no painel! Deve ser um náufrago.