Vinte Mil Léguas Submarinas - Cap. 31: Capítulo 31 Pág. 156 / 258

De repente senti um leve choque. O “Nautilus” havia pousado no fundo do oceano. A minha inquietação redobrou. O sinal do canadiano não chegava. Comecei a ter vontade de ir procurar Ned e dissuadi-lo de qualquer tentativa de fuga naquela noite. A nossa navegação não se efetuava em condições normais.

Naquele momento a porta do salão foi aberta e o Capitão Nemo entrou. Viu-me e disse sem qualquer preâmbulo

- Ah! É o senhor, professor. Eu andava a sua procura. Sabe alguma coisa da história da Espanha?

Nas condições em que me encontrava, ainda que ele me perguntasse sobre a história do meu próprio país, eu não seria capaz de dizer uma palavra.

- Não ouviu a minha pergunta, professor? Conhece a história de Espanha?

- Muito mal - respondi.

- Então é um sábio e não sabe. Pois bem, sente-se que vou-lhe contar um episódio bastante curioso dessa história.

O capitão estendeu-se no divã enquanto eu, maquinalmente, sentei-me junto dele, na penumbra.

- Recuaremos ao ano de 1702 - começou ele, falando com voz pausada. - Não ignora que nessa época o rei Luís XIV julgando que com um simples gesto poderia derrubar os Pirenéus, tinha imposto o Duque de Anjou, seu neto, aos espanhóis. Este príncipe, que reinou mais ou menos mal sob o nome de Felipe V, teve problemas com outros países. “As casas reais da Holanda, da Áustria e da Inglaterra fizeram uma aliança com o objetivo de arrancarem a coroa da Espanha da cabeça de Felipe V, a fim de dá-la a um arquiduque, ao qual chamaram prematuramente de Carlos III.

“Embora lhe faltassem soldados e marinheiros, a Espanha teve que resistir a essa coligação.





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