Vinte Mil Léguas Submarinas - Cap. 34: Capítulo 34 Pág. 174 / 258

Estávamos na zona onde o Capitão Denham do “Herald” lançara catorze mil metros de sonda para encontrar o fundo. Também ali, o Tenente Parker da fragata americana “Congress” não tinha atingido o fundo submarino a quinze mil cento e quarenta metros.

O Capitão Nemo resolveu descer com o seu “Nautilus” para as maiores profundidades com o fim de verificar essas diferentes sondagens. Preparei-me para registrar todos os dados da experiência. Os painéis do salão foram abertos e começaram as manobras para atingir as camadas mais profundas.

O capitão e eu ficamos no salão seguindo a agulha do manômetro que rodava com rapidez. Não tardamos em ultrapassar a zona habitável, onde vive a maioria dos peixes. Perguntei ao Capitão Nemo se tinha observado peixes a maiores profundidades.

- Peixes? Raramente. No estado atual dessa ciência especializada, o que se sabe sobre o assunto? - perguntou-me ele.

- Sabe-se que à medida que se desce para as camadas inferiores do oceano, a vida vegetal desaparece mais depressa do que a animal.

Sabe-se que onde ainda se encontram seres animados em grandes profundidades, a vegetação aquática não existe mais. Sabe-se que as camalhas e as ostras vivem a mais de dois mil metros da superfície das águas e que Mac Clintock, o herói dos mares polares, retirou uma estrela viva, de uma profundidade de dois mil e quinhentos metros.

Sabe-se ainda que a tripulação do “bull-dog”, da Marinha Real Inglesa, pescou uma estrela-do-mar a mais de uma légua de profundidade. Mas talvez o senhor me diga que afinal de contas não se sabe nada.

- Não, professor, eu não seria tão indelicado. De qualquer forma, como o senhor explica que possa haver vida a tais profundidades?





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