Vinte Mil Léguas Submarinas - Cap. 34: Capítulo 34 Pág. 175 / 258

- Explico-o por duas razões. Primeiro porque as correntes verticais determinadas pelas diferenças de salinidade e densidade das águas produzem um movimento que é suficiente para manter a vida rudimentar das estrelas-do-mar.

- Precisamente - concordou ele.

- Depois, porque se o oxigênio é a base da vida, sabe-se que a quantidade de oxigênio dissolvido na água do mar aumenta com a profundidade, em vez de diminuir e que a pressão das camadas baixas contribui para o comprimir.

- Parabéns, professor. Sabe-se muito, porque tudo o que disse é verdade. Acrescentarei que a bexiga natatória desses peixes contém mais azoto do que oxigênio, quando são pescados à superfície das águas e mais oxigênio do que azoto, quando são tirados das grandes profundidades. Isso confirma a sua teoria. Mas continuemos as nossas observações.

Olhei para o manômetro que já indicava uma profundidade de seis mil metros. Havia uma hora que estávamos descendo. As águas desertas eram admiravelmente transparentes e de uma diafaneidade difícil de descrever. Uma hora mais tarde estávamos a treze mil metros e ainda não se avistava o fundo do oceano.

No entanto, a catorze mil metros distingui picos escuros que surgiam no meio das águas. Mas esses cumes poderiam pertencer a montanhas com a altura do Himalaia ou do Monte Branco, ou ainda mais altas, continuando incalculável a profundidade do fundo.

O “Nautilus” continuou a descer, apesar das altas pressões que sofria. Sentia-se que o metal tremia nas juntas, as barras se arqueavam, os tabiques gemiam, os vidros do salão pareciam estalar sob a pressão das águas. E este sólido aparelho teria certamente cedido, se não fosse tão resistente como uma rocha.





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