Vinte Mil Léguas Submarinas - Cap. 35: Capítulo 35 Pág. 181 / 258

O Capitão Nemo foi para junto do timoneiro a fim de manobrar o seu barco como se fosse uma máquina de destruição.

O combate entre os cachalotes e as baleias já havia começado quando o “Nautilus” chegou. O capitão manobrou de modo a dividir o cardume dos macrocéfalos. A princípio eles não ligaram ao novo monstro que aparecia no campo de batalha. Em breve sentiriam os seus golpes.

Que luta! O próprio Ned Land ficou entusiasmado e acabou batendo palmas diante do painel. O “Nautilus” era um arpão formidável brandido pela mão do seu capitão. Lançava-se contra aquelas massas carnudas e atravessava-as de lado a lado, deixando à sua passagem os animais partidos pelo meio. Não sentia os formidáveis golpes das caudas dos cetáceos, nem os seus choques. Exterminado um cachalote corria para outro, dava meia volta, ia para a frente e para trás, obediente ao leme, mergulhando quando o cetáceo fugia para as camadas inferiores, subindo à superfície quando o animal fugia para lá, sempre atingindo-os, rasgando e matando sem parar.

Prolongou-se por cerca de uma hora essa homérica chacina. Finalmente os que restavam dos cachalotes fugiram do campo de batalha. As águas tornaram-se tranquilas. Voltamos à superfície. O alçapão foi aberto e corremos para a plataforma. O mar estava coberto de cadáveres mutilados. Uma forte explosão não teria destruído com mais violência aquelas massas carnudas. Flutuávamos no meio de corpos gigantescos, azulados no dorso e esbranquiçados no ventre, cobertos de enormes protuberâncias. As águas estavam manchadas de vermelho numa superfície de várias milhas e o “Nautilus” navegava no meio de um mar de sangue.





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