O último sobrevivente a bordo do “Nautilus” jogará ao mar esse aparelho que irá para onde as águas o levarem.
A sua história escrita por ele mesmo! A assinatura do manuscrito deveria ser com o seu nome verdadeiro! O seu segredo seria alguma vez desvendado? Porém, naquele momento, a comunicação dele só serviu para me dar ensejo de falar do meu assunto.
- Capitão, compreendo o motivo pelo qual vai agir assim. Os resultados de seus estudos não podem desaparecer. Mas o meio que vai utilizar para transmiti-los aos homens que lucrarão com eles, parece-me primitivo. Quem sabe para onde os ventos conduzirão o aparelho e em que mãos ele irá cair? Não haverá um meio melhor? Talvez o senhor mesmo ou um dos seus...
- Nunca! - ele cortou energicamente a minha frase.
- Mas eu e os meus companheiros estamos dispostos a guardar o manuscrito, se o senhor nos der a liberdade.
- A liberdade! - Levantou-se ele, repetindo a palavra.
- Sim, capitão. Foi sobre esse assunto que lhe vim falar. Há sete meses que estamos a bordo e eu agora lhe pergunto, no meu nome e nos nomes de meus companheiros, se tenciona manter-nos presos aqui por muito mais tempo.
- Sr. Aronnax, a minha resposta é a mesma que o senhor ouviu há sete meses: quem entra no “Nautilus” nunca mais sairá vivo dele.
- É a escravatura que nos impõe?
- Dê-lhe o nome que quiser.
- Em toda parte o escravo conserva o direito de recuperar a liberdade!
Quaisquer que sejam os meios que se lhe ofereçam, pode julgá-los bons.
- Quem lhe está a negar esse direito? - perguntou-me ele. - Exigi dos senhores algum juramento?
Ele me olhava de braços cruzados.