Uma Família Inglesa - Cap. 16: XVI - No teatro Pág. 193 / 432

Estava admirado!

Carlos olhava para Jenny e para Manuel Quintino, como sem saber ainda bem o que pensar daquilo.

– Espero que mo restituirás – disse Jenny. – A mim é que compete entregá-lo a Cecília.

Carlos ia a responder, talvez imprudentemente, quando um gesto da irmã lhe impôs silêncio e acabou de explicar tudo.

Enfim, já não era mistério para ele o nome da desconhecida do baile!

Tirando o lenço das mãos de Manuel Quintino e entregando-o à irmã, disse, com entoação de inteligência, para esta:

– Tens razão, Jenny. És tu a quem compete entregá-lo. Acredita que foi por esquecimento que eu não te falei neste… roubo… O que reputo uma felicidade.

– Porquê? – perguntou Jenny, fazendo-se séria.

– Por… por causa da surpresa que veio agora causar ao nosso amigo Manuel Quintino.

– Não, eu só estranhei…

Jenny mudou o assunto da conversa.

Carlos ficou pensativo. Voltou à plateia, ao principiar o segundo acto. Todos lhe estranharam a distracção e a indiferença com que assistia à discussão, que ainda durava, sobre o facto da pateada.

Nem mais atenções lhe mereceram os cantores e a ópera.

Jenny observava-o do camarote, e não deixou de reconhecer essa indiferença na posição invariável em que ele se conservou durante dois actos e um intervalo inteiro, como alheio a tudo o que em volta de si se passava.

– Que resultará agora de todo aquele meditar? – pensava a irmã.

Ao principiar o último acto, Carlos voltou ao camarote.

Manuel Quintino, não podendo lutar mais tempo contra a força do hábito, adormecera. Mr. Richard estava absorvido em um diálogo, com um seu compatriota, de cabelos e suíças cor de neve, gravata da cor das suíças e tez cor-de-rosa de Alexandria; falavam nos triunfos líricos da célebre Malibran, que ambos tinham, quando rapazes, escutado em Londres; no estilo de canto da fénix dos tenores – o famoso Rubini, o qual haviam admirado em 1831, no Queen’s Theatre; no D.





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