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Capítulo 16: XVI - No teatro

Página 192
De uma das ocasiões em que, para prosseguir neste exame, procurava limpar os vidros do binóculo, tirou do bolso um pequeno lenço de mulher, com cercadura de renda, para o qual se pôs a olhar admirado.

Depois, segurando-o por uma das pontas, e mostrando-o à irmã, disse, sorrindo:

– Ainda me tinha esquecido isto, Jenny.

– O quê?

– Outra apreensão que fiz, com esperança de por ela obter esclarecimentos, e… que cabeça a minha!… nem já sabia que o tinha em meu poder…

– Mas a que te referes?

– Então esqueceste-te já da minha confidência, no dia do Carnaval?

– Ah! – disse Jenny, olhando imediatamente para Manuel Quintino.

As vistas deste tinham-se fixado também no lenço, e parecia examiná-lo cada vez com mais curiosidade.

– Dá-mo – disse Jenny, estendendo a mão, para recebê-lo.

– Não posso – respondeu Carlos, retirando a sua, a rir.

– Dá-me licença? – disse Manuel Quintino, estendendo também a mão para ele.

– Para o entregar a Jenny depois?

– Não, não é; queria ver…

– Que tem você a ver com este lenço? – perguntou Carlos, dando-lho.

Jenny mostrava-se cada vez mais inquieta.

Manuel Quintino examinava o lenço com atenção.

– É célebre! – dizia ele. – É exactamente um dos lenços que eu dei a minha filha, no dia dos anos dela.

– Como? – perguntou Carlos, olhando para a irmã.

A inquietação de Jenny redobrava.

– Não que é exactamente!… as rendas!… o bordado dos cantos… Só falta… Ah!… mas a marca também!… um C!… Este lenço é de Cecília! Como é possível?!…

Jenny julgou que era tempo de intervir.

– Ora aí temos o Sr. Manuel Quintino embaraçado com uma coisa bem simples – disse ela, rindo. – Esse lenço é de Cecília, é; que dúvida? Deixou-o ela, por esquecimento, há dias… na terça-feira… em minha casa. Este buliçoso tem o costume de levar tudo do meu quarto, sem me consultar e, julgando que era meu…

– Ah! bem me parecia que era o lenço que eu tinha dado a Cecília.

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pág. 192 (Capítulo 16)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 192

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432