Uma Família Inglesa - Cap. 36: XXXVII - Como se educa a opinião pública Pág. 409 / 432

– Boa te vai – exclamou Antónia, mortificada. Mas já tinha dito bastante para que Jenny não a deixasse retirar.

– Espere, acabe. Aonde mora essa senhora? Diga.

Antónia estava visivelmente embaraçada.

O tipo inglês de Jenny mostrou-lhe imediatamente que era na presença da própria irmã de Carlos que ela tinha imprudentemente avançado aquelas palavras.

Jenny não lhe deu tempo de dominar esta primeira impressão e de tomar um partido.

– Não se constranja. Fale. Está diante da irmã de Carlos. Sei o facto a que se refere. Eu também tenho o maior interesse em conhecer a pessoa de quem falava. Por isso acabe o que ia a dizer…

– Ora nem vale a pena. A minha ideia não era…

Jenny resolvera não abandonar aquele ensejo de resolver o mistério que se prontificara a elucidar em oito dias. Um secreto pressentimento lhe assegurava que destas pesquisas resultaria a justificação do irmão.

– Vamos – insistiu ela, dando às palavras tom de familiaridade própria a inspirar confiança. – Dizia que tinha descoberto a morada daquela senhora…

– Eu não disse…

– Não negue. Ouça-me. Eu sei tudo o que se tem passado entre meu irmão e Cecília.

– Sabe?!

O que Jenny não sabia era quais as ideias da Sr.a Antónia sobre este assunto, e por isso continuou com a maior precaução:

– Sei, e bem vê que, não só como irmã, mas como amiga, devo… preciso de…

– Mas quais são as tenções da senhora?

– Concorrer para evitar o infortúnio de ambos – respondeu Jenny, ambiguamente.

Antónia interpretou a seu modo a resposta.

– Pois bem; eu sei que a senhora tem muito juízo, e por isso digo-lhe, esta manhã…

Nisto ouviu-se Cecília fechar a porta do quarto.

– Silêncio – disse Jenny –; Cecília vem aí. Vamos sair juntas. Não lhe diga nada, enquanto não falar comigo.





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