Uma Família Inglesa - Cap. 38: XXXIX - Coroa-se a obra Pág. 426 / 432

Deixava-se possuir de legítimo orgulho que, não obstante, o não fazia soberbo.

Paulo foi no mesmo dia nomeado guarda-livros, com aumento de ordenado.

O pobre rapaz recebeu com lágrimas a nomeação. Estas lágrimas estavam vingando Mr. Richard.

As manifestações públicas de intimidade entre as duas famílias repetiram-se, graças aos sacrifícios de Jenny.

Uma noite, Cecília, obrigada por ela, apareceu no teatro.

Os amigos de Carlos reconheceram-na, e os boatos do próximo casamento do filho de Mr. Richard com a filha do seu novo sócio principiaram, desde então, a transpirar na cidade com certa insistência.

A fantasia de alguns noveleiros explicava o facto por motivos ocultos, dando a entender que os serviços que devia a casa Whitestone a Manuel Quintino eram maiores do que os reconhecidos por ela e que as economias do velho guarda-livros tinham valido para atalhar os males causados pelos arrojos do patrão. Desde que se achara assim meio de fazer intervir na explicação o elemento interesse, os ânimos aceitavam-na de mais boa mente.

Tinha Mr. Richard razão.

Partira porém um vapor para Londres e, após o primeiro, outro e outro, sem que o velho comerciante inglês fizesse lembrar ao filho o cumprimento da sua sentença.

Uma manhã, estava Mr. Richard no gabinete, entusiasmado na contemplação da chamada «Águia dourada», ou tecnicamente: Aquila Chrysaetus, raro visitador dos subúrbios de Londres, que ele recebera nas vésperas de um seu amigo de Boxhill, onde fora caçada e morta, quando deste quase êxtase de coleccionador o arrancou o rumor da porta do gabinete que se abria; Mr. Richard voltou-se e viu o rosto da filha, que espreitava para dentro.

– Entra, Jenny, entra – disse ele, com a afabilidade com que sempre lhe falava.

Jenny entrou.





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