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Capítulo 38: XXXIX - Coroa-se a obra

Página 427

– Que te traz por aqui, tão de madrugada?

– Encarreguei-me de uma apresentação, que peço licença para fazer-lhe.

– De uma apresentação?! De quem?

– De uma pessoa – respondeu Jenny maliciosamente – que lhe quer pedir as suas ordens para Londres. Há muitos dias já que tinha de partir para lá.

Mr. Whitestone olhou, sorrindo, para a filha, cujas palavras, com o seu sabor epigramático, o deliciavam.

– Que entre, que entre o teu recomendado.

Jenny abriu a porta e introduziu Carlos na sala.

Apesar da timidez que sentia sempre na presença do pai, Carlos recebia agora coragem da consciência de ter ganho de antemão a causa que vinha por formalidade advogar ali.

– Meu pai – disse ele, adiantando-se para Mr. Whitestone –, não há muitos dias, que pela sua boca ouvi qualificada como infâmia uma acção minha; venho pedir-lhe agora que me deixe usar do único meio que tenho, para evitar que a arguição seja, até certo ponto, merecida.

– Qual é? – perguntou concisamente Mr. Richard.

– Procurar Manuel Quintino e pedir-lhe para oferecer o meu nome, honrado por meu pai com uma vida inteira de probidade, a essa menina, que as minhas imprudências, e nunca as minhas intenções, iam sacrificando. Salvou-a uma vez a generosidade de minha irmã; outra, a sua, senhor. Deixe-me, pois, seguir o exemplo tão nobre que me apontaram e com ele o que, ao mesmo tempo, me aconselha o coração.

– E já pensaste bem, Carlos – disse Mr. Richard, que tinha já perdido toda a sua rispidez –; já pensaste bem no que vais fazer? Não temes que venhas ainda a arrepender-te desse passo pouco reflectido? Não receias tornar-te o instrumento da infelicidade dessa menina? Estás preparado para as obrigações que, como chefe de família, vais chamar sobre ti?

– Eu sei que o passado poucas garantias me pode conceder; mas tenho fé em que o futuro me justificará…

– Fé? – disse Mr.

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pág. 427 (Capítulo 38)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 427

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432