Uma Família Inglesa - Cap. 38: XXXIX - Coroa-se a obra Pág. 427 / 432

– Que te traz por aqui, tão de madrugada?

– Encarreguei-me de uma apresentação, que peço licença para fazer-lhe.

– De uma apresentação?! De quem?

– De uma pessoa – respondeu Jenny maliciosamente – que lhe quer pedir as suas ordens para Londres. Há muitos dias já que tinha de partir para lá.

Mr. Whitestone olhou, sorrindo, para a filha, cujas palavras, com o seu sabor epigramático, o deliciavam.

– Que entre, que entre o teu recomendado.

Jenny abriu a porta e introduziu Carlos na sala.

Apesar da timidez que sentia sempre na presença do pai, Carlos recebia agora coragem da consciência de ter ganho de antemão a causa que vinha por formalidade advogar ali.

– Meu pai – disse ele, adiantando-se para Mr. Whitestone –, não há muitos dias, que pela sua boca ouvi qualificada como infâmia uma acção minha; venho pedir-lhe agora que me deixe usar do único meio que tenho, para evitar que a arguição seja, até certo ponto, merecida.

– Qual é? – perguntou concisamente Mr. Richard.

– Procurar Manuel Quintino e pedir-lhe para oferecer o meu nome, honrado por meu pai com uma vida inteira de probidade, a essa menina, que as minhas imprudências, e nunca as minhas intenções, iam sacrificando. Salvou-a uma vez a generosidade de minha irmã; outra, a sua, senhor. Deixe-me, pois, seguir o exemplo tão nobre que me apontaram e com ele o que, ao mesmo tempo, me aconselha o coração.

– E já pensaste bem, Carlos – disse Mr. Richard, que tinha já perdido toda a sua rispidez –; já pensaste bem no que vais fazer? Não temes que venhas ainda a arrepender-te desse passo pouco reflectido? Não receias tornar-te o instrumento da infelicidade dessa menina? Estás preparado para as obrigações que, como chefe de família, vais chamar sobre ti?

– Eu sei que o passado poucas garantias me pode conceder; mas tenho fé em que o futuro me justificará…

– Fé? – disse Mr.





Os capítulos deste livro