E sinceramente te confesso que isto hoje é um passo dado no caminho em que entrei e que estou disposta a seguir até ao fim.
– Mas…
– Com franqueza, Cecília. Falta-nos o tempo para rodeios. Acreditas ou não na afeição de Carlos?
– Não.
– Que não tão desenganado! – tornou Jenny, sorrindo. – Há-de custar-me a perdoar-te. Não sei se sabes que tomei sobre mim o justificar meu irmão. Já tenho alcançado muitas vitórias. Meu pai confessou-se já ontem injusto para com ele. A tua criada Antónia está meia abalada também.
– Antónia?!
– É verdade. Eu suspeitei que meu irmão tinha nela um inimigo, e parece-me haver acertado. E senão diz-me: não foi Antónia quem te contou a história de certa visita que Carlos recebeu?
Cecília desviou os olhos, ao ouvir a referência ao delito que com tão amargas censuras lhe fora de facto contado pela criada.
– Bem vejo que me não enganei – continuou Jenny. – Pois até Antónia se dará por vencida afinal. Enquanto à tal visita… dir-te-ei de passagem que tudo está satisfatoriamente explicado.
– Como? – perguntou Cecília com vivacidade.
– É segredo que meu irmão te poderá revelar, quando… entre ti e ele não devam existir segredos…
– Tarde viria então, para me aproveitar, o esclarecimento.
– Até lá contenta-te com a minha palavra; ou também duvidas dela?
A volta de Manuel Quintino à sala interrompeu o diálogo.
Cecília ficou no fim dele com mais confiança no futuro, e mais frequentes lhe assomaram os risos aos lábios no resto da manhã.
Espalhou-se rapidamente na Praça, durante aquela manhã, a nova da promoção de Manuel Quintino.
Choveram-lhe parabéns de todos os lados, cresceu na opinião pública a reputação do guarda-livros.
Conceituando altamente a classe comercial, não podia Manuel Quintino ficar indiferente, ao sentir-se guindado por ela na escala da consideração.