Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 9: IX - No escritório

Página 106

Este pousou a carta.

O pai olhava-o obliquamente, como a esperar alguma reflexão.

Carlos fitou ainda Manuel Quintino, o qual lhe fez um imperceptível sinal.

Carlos aventurou-se:

– Enquanto ao negócio da aguardente… – disse ele com certa hesitação – nada…

O efeito foi maravilhoso!

Mr. Whitestone voltou-se com viveza e, sem disfarçar a íntima satisfação que lhe causava ver o filho tão bem informado, exclamou:

– Ah! Também reparaste? Foi o que logo me deu que entender. Cuidei que nem estavas ao facto!

Carlos, animado com o resultado, prosseguiu com mais coragem:

– Como era negócio de vulto…

Manuel Quintino fez porém uma careta, que o levou a corrigir.

– Isto é… de vulto não digo… mas…

– Mas que podia bem vir a sê-lo para o futuro… é assim – atalhou Mr. Richard.

– Exactamente – concordou o filho.

Manuel Quintino sorria.

– Mas já estive a pensar – prosseguiu Mr. Richard –; talvez influíssem nisto as condições do mercado em Londres. Subiria o género a ponto de exceder o máximo indicado nas nossas cartas.

– Pode ser, mas… – dizia Carlos, olhando para Manuel Quintino, à espera de receber inspirações dali.

Este afeiçoou os lábios como para pronunciar uma palavra, que a Carlos pareceu dever ser «juro». Por isso abalançou-se outra vez a dizer:

– E também o juro…

Parou, porque deveras não sabia o que devesse dizer do juro, nem era natural imaginar que tivesse subido ou descido.

Manuel Quintino moveu a cabeça em direcção ao tecto, exprimindo mimicamente a primeira hipótese.

– Talvez o juro subisse – concluiu, em vista de isto, Carlos Whitestone.

Mr. Richard aproveitou a insinuação do filho e, evidentemente satisfeito, notou com vivacidade:

– Efectivamente o juro está muito alto em Londres.

– Há muito tempo que o não tivemos tão desfavorável – apressou-se Carlos em dizer, desta vez sem hesitar, visto que dava apenas nova forma à mesma ideia.

<< Página Anterior

pág. 106 (Capítulo 9)

Página Seguinte >>

Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 106

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432