Uma Família Inglesa - Cap. 9: IX - No escritório Pág. 105 / 432

– Ho! – disse logo Mr. Richard, mortificado – Leeson!… de Londres! Repara… de Londres!?

Carlos conheceu que tinha sido inconveniente a observação, mas o pior era que não sabia corrigi-la, pois que de todo lhe esquecera o nome do tal correspondente.

– Ai, de Londres… – dizia ele embaraçado. – Eu julguei que… sim de Londres; é que me pareceu…

Mr. Richard esperava ouvir o verdadeiro nome, pronunciado pelo filho, mas não sucedeu assim.

Manuel Quintino, que tinha bem fundados motivos – motivos que o leitor deve prever quais fossem – para não julgar de instante necessidade pôr Carlos Whitestone ao corrente das notícias comerciais, abriu contudo a escrivaninha e, procurando a carta em questão, levou-a a Carlos, não podendo disfarçar um sorriso, ao qual este correspondeu com ligeiro movimento de ombros.

Carlos, em vez de citar o nome do correspondente, pôs-se portanto a examinar a carta.

– Fale-lhe naquele negócio da aguardente – disse Manuel Quintino quase ao ouvido de Carlos, antes de se retirar outra vez para a banca onde escrevia.

Mr. Richard pusera-se a passear na sala, esfregando as mãos e, de quando em quando, parava junto da vidraça, onde tocava um ligeiro rufo. Não estava ainda de todo restabelecido da má impressão que lhe causara o haver encontrado o filho tão pouco ciente do nome dos correspondentes da casa.

Carlos ficou a olhar para a carta comercial, mas julgo que nem a lia. Estava pensando como havia de aproveitar o conselho, pouco explícito, de Manuel Quintino e falar ao pai no tal problemático negócio da aguardente, para ele inteiramente misterioso.

Temia, referindo-se-lhe aventuradamente, agravar as dificuldades da sua posição, longe de diminuí-las.

Manuel Quintino continuava a escrever, lançando para Carlos, ao molhar da pena, um sorriso malicioso.





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