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Capítulo 9: IX - No escritório

Página 105

– Ho! – disse logo Mr. Richard, mortificado – Leeson!… de Londres! Repara… de Londres!?

Carlos conheceu que tinha sido inconveniente a observação, mas o pior era que não sabia corrigi-la, pois que de todo lhe esquecera o nome do tal correspondente.

– Ai, de Londres… – dizia ele embaraçado. – Eu julguei que… sim de Londres; é que me pareceu…

Mr. Richard esperava ouvir o verdadeiro nome, pronunciado pelo filho, mas não sucedeu assim.

Manuel Quintino, que tinha bem fundados motivos – motivos que o leitor deve prever quais fossem – para não julgar de instante necessidade pôr Carlos Whitestone ao corrente das notícias comerciais, abriu contudo a escrivaninha e, procurando a carta em questão, levou-a a Carlos, não podendo disfarçar um sorriso, ao qual este correspondeu com ligeiro movimento de ombros.

Carlos, em vez de citar o nome do correspondente, pôs-se portanto a examinar a carta.

– Fale-lhe naquele negócio da aguardente – disse Manuel Quintino quase ao ouvido de Carlos, antes de se retirar outra vez para a banca onde escrevia.

Mr. Richard pusera-se a passear na sala, esfregando as mãos e, de quando em quando, parava junto da vidraça, onde tocava um ligeiro rufo. Não estava ainda de todo restabelecido da má impressão que lhe causara o haver encontrado o filho tão pouco ciente do nome dos correspondentes da casa.

Carlos ficou a olhar para a carta comercial, mas julgo que nem a lia. Estava pensando como havia de aproveitar o conselho, pouco explícito, de Manuel Quintino e falar ao pai no tal problemático negócio da aguardente, para ele inteiramente misterioso.

Temia, referindo-se-lhe aventuradamente, agravar as dificuldades da sua posição, longe de diminuí-las.

Manuel Quintino continuava a escrever, lançando para Carlos, ao molhar da pena, um sorriso malicioso.

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pág. 105 (Capítulo 9)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 105

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432