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Capítulo 9: IX - No escritório

Página 107

– É verdade que não. Creio até que ainda nestes últimos dez anos não subiu tanto, como agora.

Carlos percebeu em Manuel Quintino um movimento de desaprovação, que o animou a dizer:

– Isso é que não sei; dez anos será de mais, contudo…

– Olha que não é de mais – insistiu Mr. Richard, deveras admirado das informações do filho e, depois de meditar algum tempo, continuou, voltando-se para o guarda-livros: – Em que ano teve lugar aquela quebra da casa Blackfield de Londres, Manuel Quintino?

– Em Outubro de 1847 – respondeu este, sem levantar os olhos da escrita.

– Em 47? – Ai, então tens razão, tens; 47 a 55… 8… É isso… Porque eu lembro-me de que estava então o juro a 8 por cento.

– E dessa vez – acrescentou Manuel Quintino – o câmbio era-nos mais desfavorável que hoje.

– É isso, é isso.

Essa conversa prolongou-se por algum tempo, com visível satisfação de Mr. Richard, com bastante dificuldade para Carlos e com superior diplomacia do bondoso Manuel Quintino, que estava sendo colaborador de Jenny, na obra de pacificação doméstica encetada por ela.

Ouviram-se enfim três horas na torre de S. Francisco, e Mr. Richard, depois do último exame aos livros e algumas recomendações mais, saiu do escritório, dando as boas-tardes a Manuel Quintino, fazendo a Carlos um sinal de despedida, menos seco do que de ordinário e, o que mais era, afagando na passagem o terra-nova, coisa que não praticava, senão em ocasiões de grande harmonia com o filho.

Ainda mal se tinha perdido nas escadas o som dos passos de Mr. Richard e o dos latidos de contentamento do Butterfly, impaciente de liberdade, já a carta do correspondente de Londres, descrevendo uma parábola, vinha cair na escrivaninha ao lado de Manuel Quintino, e Carlos acendia novo charuto e dispunha-se a seguir o exemplo paterno.

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pág. 107 (Capítulo 9)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 107

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432