– Não são, não, Jenny. Olhe; eu, ao princípio, para lhe falar verdade, ia com certa curiosidade. Só me custava que tivesse sido necessário enganar meu pai, mas, como não fazia a menor ideia do que fosse um baile de máscaras, estava com desejos de ver; e, demais a mais, a irmã do major ia connosco…
– E depois?
– Entrámos no teatro, seriam dez horas, íamos todas mascaradas. Por sinal que me ri muito com a máscara que levava a irmã do major. É notável! Foi a primeira que apareceu e tinha alguma semelhança com a cara dela. Assim como as caricaturas, que logo à primeira vista se conhece de quem são.
E Cecília quase se distraía com a incidente reflexão acerca da máscara; Jenny chamou-a, porém, ao assunto.
– Mas vamos ao que lhe sucedeu.
– Ah! É verdade. Andámos primeiro por alguns camarotes em que estavam senhoras do conhecimento das minhas companheiras e a quem elas falaram, sem serem conhecidas. Diverti-me com isto. Que graça achei a uma senhora idosa, a quem se meteu na cabeça que nós éramos umas suas parentes de Braga, terminando em chamar-me a sua Joaninha! Coitada! Ficou tão desconsolada, quando, espreitando-me os cabelos, conheceu que se havia enganado, que deveras fazia pena! – «E não é! vêem, que tristeza a minha?!» – dizia ela tanto do coração, que eu não tive mão em mim que a não abraçasse e beijasse; arrisquei-me assim a ser vista e a dar a conhecer as outras, que depois muito me ralharam por causa disto. Mas se eu não pude!
– Vamos – disse Jenny, sorrindo à sensibilidade da amiga.