– E o resto da noite?
– Ai, Jenny, o resto da noite… – respondeu Cecília, suspirando, como se lhe fosse custosa a confissão, e continuou: – Entrámos na sala. Nunca foi a um baile desses? Pouco perdeu. Que calor! Que confusão! Um quarto de hora depois de ali entrar, já suspirava por sair; mas elas nem pensavam nisso. Era meia-noite talvez, vim sentar-me, cansada, enfastiada de todo aquele tumulto.
Neste ponto Cecília parou, como se o que tinha para dizer lhe causasse maior perturbação.
Jenny não pôde deixar de sorrir pela semelhança que esta parte da confidência tinha com a do irmão.
– Pouco tempo depois – prosseguiu Cecília – veio sentar-se junto de mim… uma pessoa…
Um alfinete fez sentir, não sei como, a necessidade de que as atenções se aplicassem todas para ele, e Cecília não recusava atender, em tais casos, às reclamações dos seus alfinetes.
Ocupada portanto a pregá-lo, ou não sei se a despregá-lo, continuou:
– Uma pessoa que eu conhecia; olhou para mim e… conquanto não supusesse quem eu era, falou-me; respondi-lhe, e por muito tempo ficámos a conversar.
– Em quê? – perguntou Jenny, com modo natural.
A esta pergunta, Cecília hesitou.Passados porém alguns instantes, respondeu:
– Eu sei? Em muitas coisas; e é certo que bem agradavelmente; mas cedo depois vieram outros, menos delicados do que este...
– Do que este?! Ai, visto isso, era um homem? Não tinha entendido bem – notou Jenny, com ligeiro ar de malícia.
– Era; pois que tinha eu dito? Ah! sim… uma pessoa. Era um homem, era. Os que vieram fizeram-me ver mais claro a imprudência do passo que tínhamos dado.
Jenny não perdia agora uma só palavra, uma só inflexão, uma só cambiante de cor que observava em Cecília. Esta não o percebia, porque os alfinetes estavam de uma impertinência, que nem lhe deixavam atender a mais nada.