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Capítulo 12: XII - Outro depoimento

Página 135
– E o resto da noite?

– Ai, Jenny, o resto da noite… – respondeu Cecília, suspirando, como se lhe fosse custosa a confissão, e continuou: – Entrámos na sala. Nunca foi a um baile desses? Pouco perdeu. Que calor! Que confusão! Um quarto de hora depois de ali entrar, já suspirava por sair; mas elas nem pensavam nisso. Era meia-noite talvez, vim sentar-me, cansada, enfastiada de todo aquele tumulto.

Neste ponto Cecília parou, como se o que tinha para dizer lhe causasse maior perturbação.

Jenny não pôde deixar de sorrir pela semelhança que esta parte da confidência tinha com a do irmão.

– Pouco tempo depois – prosseguiu Cecília – veio sentar-se junto de mim… uma pessoa…

Um alfinete fez sentir, não sei como, a necessidade de que as atenções se aplicassem todas para ele, e Cecília não recusava atender, em tais casos, às reclamações dos seus alfinetes.

Ocupada portanto a pregá-lo, ou não sei se a despregá-lo, continuou:

– Uma pessoa que eu conhecia; olhou para mim e… conquanto não supusesse quem eu era, falou-me; respondi-lhe, e por muito tempo ficámos a conversar.

– Em quê? – perguntou Jenny, com modo natural.

A esta pergunta, Cecília hesitou.Passados porém alguns instantes, respondeu:

– Eu sei? Em muitas coisas; e é certo que bem agradavelmente; mas cedo depois vieram outros, menos delicados do que este...

– Do que este?! Ai, visto isso, era um homem? Não tinha entendido bem – notou Jenny, com ligeiro ar de malícia.

– Era; pois que tinha eu dito? Ah! sim… uma pessoa. Era um homem, era. Os que vieram fizeram-me ver mais claro a imprudência do passo que tínhamos dado.

Jenny não perdia agora uma só palavra, uma só inflexão, uma só cambiante de cor que observava em Cecília. Esta não o percebia, porque os alfinetes estavam de uma impertinência, que nem lhe deixavam atender a mais nada.

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pág. 135 (Capítulo 12)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 135

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432