Uma Família Inglesa - Cap. 12: XII - Outro depoimento Pág. 136 / 432

No entretanto dizia:

– O mesmo sucedeu às minhas amigas; preparámo-nos logo para deixar o baile. Vendo, porém, que nos seguiam, socorri-me ao cavalheirismo do que primeiro me falou, e isso nos valeu.

– Ah!

– Serviu-nos de guia e protector através das ruas ainda cheias de máscaras; mas insistia depois em nos conduzir a casa. Tremi ainda mais com esta insistência do que com a dos outros. Este conhecia meu pai e se soubesse… Oh, meu Deus!… Por mais que lhe rogássemos, não queria deixar-nos; eu, perdida de susto, pedi a Deus uma inspiração. A inspiração veio e foi poderosa. Ele deixou-nos afinal, e nós entrámos em casa... mas eram quatro horas da manhã.

O que faltara à confidência podia Jenny bem supri-lo de per si; desviando porém os olhos disfarçadamente, ponderou como se pretendesse desenganar-se:

– Falta-lhe agora dizer, Cecília, para ser completa a confidência, quem era esse homem e qual foi a inspiração que Deus mandou à menina.

Desta vez também os alfinetes de Jenny parecia exigirem certos cuidados, que ela lhes concedeu.

Cecília balbuciava com manifesto enleio:

– Ah! Quem era?… não sei; isto é… quero dizer… era…

Jenny pegou-lhe na mão.

– Seja franca até ao fim – disse-lhe em tom de insinuante amizade. – Esse homem era meu irmão.

Cecília estremeceu e olhou espantada para Jenny.

– Como o sabe?

Sei tudo – replicou Jenny, apertando-lhe a mão com afecto. – E sei também a inspiração que teve e agradeço-lha.

– Sabe? Mas então…

– Carlos tem o costume de me contar tudo, e ainda esta manhã… há pouco… me tinha dito…

– Tudo? – perguntou Cecília de uma maneira particular e corando.

– Tudo – respondeu Jenny, dando a esta palavra uma inflexão e animando-a de um sorriso, que aumentaram a intensidade deste rubor.





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