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Capítulo 12: XII - Outro depoimento

Página 137

Como o leitor viu, tinha havido importante omissão na confidência de Cecília, omissão que aquele «tudo» de Jenny lhe mostrava agora ter sido inútil.

– E que opinião fazia ele… que opinião fazia o Sr. Carlos de mim? – perguntou Cecília com verdadeira inquietação.

Jenny revestiu-se de seriedade e reflectiu algum tempo, antes de responder.

Não se imagina como se faziam extraordinariamente belas as feições de Jenny sob a influência deste ar de reflexão, que tão frequente lhe fixava o olhar e lhe desenhava uma ligeira ruga na fronte.

Cecília consultava com aparente sobressalto aquela fisionomia expressiva.

– Olhe, Cecília – disse Jenny por fim – como a menina ainda agora o reconheceu, não foi por certo prudente o passo que deram. A necessidade de o ocultar de seu pai era bastante prova disso, quando nada tivesse acontecido que melhor o provasse ainda. Carlos procedeu bem e mal; bem em as proteger; mal, depois. Ele devia ter sempre na ideia, como eu lhe disse, que alguma pessoa bem-educada, e que de facto tinha desejos de ocultar-se, podia ser essa máscara que ele, depois de proteger, perseguia. Disse-lho há pouco ainda, mas… sabe o que ele me respondeu?

– Que foi?

– Se eu lho digo, Cecília, é para que a menina faça sempre o que lhe aconselharem os pressentimentos do seu bom coração, e creia que são excelentes as inspirações que lhe vierem daí. Quando eu dizia a Carlos que imaginasse que era eu mesma a que estava debaixo daquele dominó, e a que me via perseguida, respondeu-me que não havia probabilidades disso, porque… pessoas que…

– Oh! Não diga mais, Jenny, não diga mais – atalhou Cecília, quase fechando-lhe os lábios com a mão; e os olhos inundaram-se-lhe de lágrimas que, umas após outras, lhe rolaram pelas faces.

Era uma das irresistíveis expansões daquela impetuosa natureza.

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pág. 137 (Capítulo 12)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 137

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432