– Um amor bem verdadeiro, uma vida bem íntima com uma mulher, a quem se queira como amante, que se estime como irmã, que se venere como mãe, que se proteja como filha…, é evidentemente o destino mais natural ao homem; o complemento da sua missão na terra…
Quando Carlos Whitestone chegara a formular, no pensamento, esta profissão de fé, que, uma ou outra vez, concebeu toda a cabeça de vinte anos, ainda das mais azadas para desvairamentos, atingia a borda do pinheiral oposta àquela por onde havia entrado.
Dali por diante o terreno, mais desimpedido de árvores, era ocupado por campos em cultura, vinhedos, quintas e por as casas respectivas; umas juntas, outras dispersas, e mais ou menos graciosas todas.
Carlos sentou-se no pequeno muro de demarcação do pinheiral. O horizonte que tinha diante de si era vasto, e o olhar foi, quase ao extremo dele, fixar-se em uma das mais distantes daquelas casas, ainda que o espírito não tomasse a menor parte naquela aparente contemplação.
Tinha esta casa dois andares; era a face posterior a que se avistava dali. A varanda do primeiro andar estava toda entretecida de trepadeiras, que subiam do quintal. No intervalo das duas janelas florescia, em uma espécie de alegrete, um arbusto, ao que parecia, de camélias. Na varanda do andar de cima via-se, pendurada de uma corda, que se estendia em todo o comprimento dela, alguma roupa branca, sobre a qual o sol batia em cheio, fazendo-lhe realçar a alvura.
Como disse, demoraram-se naquele ponto da perspectiva os olhos de Carlos, sem que os seguisse, desde logo, o pensamento, absorto como estava ainda na sequência de meditações sobre os destinos do homem nesta vida.