Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 15: XV - Vida inglesa

Página 177
Julgas que não sei o que vale a tua afeição e até a do pai? Mas ouve, filha, e não sejas muito severa comigo. Enquanto o pai há pouco falava, muito à sua vontade, na portentosa Companhia das Índias Orientais, eu estava a pensar…

– Em quê?

– Estava a pensar em que eram inteiramente falsas certas ideias, muito bonitas, que, esta tarde, durante um passeio, que dei pelo campo…

– Pelo campo!… Tu?!

– É verdade, pelo campo, eu… mas… certas ideias, dizia, que me haviam ocorrido por lá. Agora vejo melhor; e penso que se não deve até viver tão ligado, como era costume na antiga vida patriarcal. É justa, ou desculpável pelo menos, esta tendência moderna para afrouxar um pouco mais os laços de família, sem amortecer de todo os sentimentos que a animam e unem, mas tornando mais independentes os hábitos de viver de cada um. E é assim. Que se lucra em reunir em um feixe apertado dois ou três homens de índoles e de gostos diversos, só porque são parentes, a ponto de impedir-lhes os movimentos e a liberdade de acção? O mais que sucede é nenhum deles poder dispor de toda a energia das suas faculdades; incomodam-se reciprocamente, de apertados que estão, e… ódio não direi… mas… às vezes… certa má vontade… pequenas dissensões, e… quando menos se espera, mais azedas discórdias ainda, são as inevitáveis consequências disso.

Jenny abanava a cabeça, fitando o irmão, enquanto ele falava.

– Que doutrinas! – disse ela por fim – que triste filosofia a tua… de hoje. Cada vez te compreendo menos, Charles.

Carlos pôs-se a rir.

– Então porquê, Jenny? Que achas tu em mim de tão incompreensível?

– Há dias… na manhã que se seguiu a uma das muitas noites que passas fora de casa, e quando era mais natural que estivesses nestas ideias de agora, falaste-me com eloquência e convencimento nas doçuras da vida de família; persuadirias daquela vez o mais extraviado.

<< Página Anterior

pág. 177 (Capítulo 15)

Página Seguinte >>

Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 177

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432