Foi, ainda me lembro, a propósito de uns versos, escritos por um amigo no teu álbum. Hoje então…
– Tudo se explica; é pela razão que eu disse. Tentei apertar-me nos tais ambicionados laços, seduzido pelas promessas dos romancistas moralizadores; afinal, vi que me magoavam como laços que eram… Mas que versos foram esses que me despertaram tão salutares ideias? Não me recordo.
– Se queres que tos leia?… – perguntou Jenny, pousando a mão na chave da porta da biblioteca, como preparando-se para abri-la.
– Se quero? Peço-to.
Os dois irmãos entraram na sala quadrada, onde, até a meia altura da parede, corria uma estante de palissandro, abastecida de magníficas brochuras e encadernações inglesas. Havia no meio da sala uma sólida mesa rectangular, em estilo antigo, com embutidos de metal nos fechos, lavores de primorosa talha nas faces, e apoiada em grossos pés, torcidos em espiral – um perfeito modelo dessa bela mobília ultimamente ressuscitada, graças sobretudo às predilecções dos ingleses, que a têm tornado já rara, de muito que a procuram. – Cobriam esta mesa várias publicações recentes, periódicos estrangeiros e do país, e gravuras; e em volta dela, cómodas poltronas e escabelos com assentos estofados parecia convidarem à leitura.
Jenny pousou a luz e, pegando em um álbum que estava entre os outros livros e periódicos, principiou folheando-o, enquanto o irmão se sentava ao lado dela.
– Se me não engana a memória – dizia Jenny – é a tradução de uma lenda popular da Bretanha, que se intitula… – Tendo encontrado justamente a página que procurava, concluiu: – Amel e Pennor.
– Não tenho já a menor ideia do que seja.
– Ora ouve então.
E Jenny principiou a ler, com suavidade e graça inexprimível, a seguinte lenda, verdadeira