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Capítulo 18: XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos

Página 217

– Fala, Jenny, fala. Aconselha-me. Bem sabes que há muito te tenho pelo meu anjo bom. Fala – disse Carlos, afectuosamente.

– Ora diz-me, Charles – continuou Jenny, cada vez mais comovida: – Não imaginas o que pode resultar dessa tua fantasia, a deixares-te assim arrastar por ela? Cecília até hoje tem sido feliz. No passado não tinha nada que a envergonhasse ou que lhe desse pena; no futuro não antevia nuvem que de longe a ameaçasse. Era uma vida aquela tranquila e serena, como não imaginas. Mas Cecília tem dezoito anos, Charles, e um coração cheio de confiança e uma imaginação… um pouco à semelhança da tua… Conheço-a a ela também. Se alguma vez se apoderar daquele bom espírito qualquer ideia, se passar uma hora a acalentar qualquer ilusão, acredita que já não será sem esforço, e sem dor, que a arrancará de si. E diz-me, Charles: a tua consciência, que é justa, não havia de querer mal, e muito, à tua fantasia, que é uma enganadora, se ela fizesse, com seus conselhos, nascer essa ilusão, obrigando-te a sacrificar ao capricho de uma manhã o futuro inteiro de uma existência?

– Mas de que maneira imaginas tu esse sacrifício? – interrogou Carlos, levantando os olhos para a irmã.

– De que maneira? Pois diz-me: se Cecília, que podia esquecer aquela cena do baile e todas as suas consequências, principiasse, depois da tua visita, a pensar mais nela? Se, sabendo-te senhor de um segredo seu, principiasse a… a pensar mais em ti? Se, corando na tua presença, de acanhamento ao princípio, pouco a pouco… quem sabe lá?… viesse a corar… de comoção… de… de amor?…

E, ao pronunciar esta palavra, as faces de Jenny tingiram-se de demasiado carmim.

Carlos, sorriu, vendo-o.

– Tu ris, Charles? É porque estranhas em mim estas palavras, ou por supores infundados os meus receios? Em qualquer dos casos não tens razão.

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pág. 217 (Capítulo 18)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 217

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432