Uma Família Inglesa - Cap. 20: XX - Manuel Quintino procura distracções Pág. 244 / 432

– Então donde vem, Sr. Manuel Quintino?

– Daí de baixo – respondeu, com voz fraca.

– E não encontrou ninguém conhecido pelo caminho?

– Eu, não.

– Pois ainda agora o procuraram aqui.

– A mim?!

– Sim; então não sabe o que há? – disse o sujeito, que lhe falava com certos modos de importância e cuidado.

O coração de Manuel Quintino principiou a bater desordenado.

– Eu não…

– Pois vieram, há poucos minutos, procurá-lo aqui, para que fosse, já, já, a casa, porque…

– Porque?… – interrogou Manuel Quintino, passando-lhe um calafrio por todo o corpo e secando-lhe subitamente a boca, como em acesso de febre.

– Porque… pelos modos… sua filha… estava bastante doente… Disseram que o tinham antes ido procurar ao escritório… mas…

Manuel Quintino já não escutava; encontrando forças no seu amor, sobressaltado assim, quase deitou a correr por o mesmo caminho, pelo qual com dificuldade se arrastara até ali.

O que lhe dera o aviso pôs-se a rir, ao vê-lo partir com tal pressa.

– Venham ver, venham cá ver! – dizia ele para os companheiros.

Um deles chegou à porta.

– Pobre homem! Chama-o. Olha que isso pode fazer-lhe mal.

– Ó Manuel Quintino! Psiu! Olhe que é hoje o 1.° de Abril, homem! Manuel Quintino!

Mas o pobre velho nem o ouviu; cada vez corria mais.

Estes homens tinham celebrado o 1.° de Abril – este dia que, não sei porquê, o uso popular consagra a recíprocas mistificações – ferindo no mais doloroso o coração de um pai! E ainda puderam rir!

Louvado seja Deus! Há gente assim graciosa no mundo!

– Vão lá agora segurá-lo – disse o mistificador. – Deixa-o, maior alegria o espera ao chegar a casa.

E voltou a divertir-se.

No entretanto Manuel Quintino prosseguia naquela marcha rápida, desordenada, como se





Os capítulos deste livro