Uma Família Inglesa - Cap. 21: XXI - O que vale uma resolução Pág. 259 / 432

O embaraço de Carlos aumentava.

Pensava já em o levar na garupa, quando passou na estrada uma sege de aluguer, que voltava para a cidade. O boleeiro deixava ir os cavalos a passo e assobiava; uma espécie de jóquei dormia ao lado dele; Carlos conheceu o boleeiro.

– Ó Gonçalo.

– Quem me chama?

– Vai vazio o carro?

O boleeiro reconheceu Carlos.

– Ah! É V. S.a? Vai vazio, vai, sim senhor, meu patrão.

– Então ajuda-me a transportar para lá este sujeito, que está doente, e leva-nos a toda a brida para a rua de…

O boleeiro correu a prestar o auxílio pedido.

– E tu – acrescentou Carlos, para o improvisado jóquei – monta nesse cavalo e leva-mo a casa. Avia-te!

Carlos era obedecido, como um dos fregueses de mais pronto e generoso pagamento que havia na cidade.

– E olha – disse ele ainda para o jóquei – de passagem vai ainda a casa do doutor F. e pede-lhe que venha sem demora ver o Sr. Manuel Quintino, a sua casa. Diz-lhe que vais do meu mando. Anda.

O rapaz partiu como um foguete.

Carlos e o boleeiro ajudaram Manuel Quintino a entrar na sege; dentro em pouco, faiscavam as pedras das calçadas sob as patas dos cavalos, fustigados com toda a alma por o boleeiro, cujo ardor o estímulo de uma gorjeta excepcional instigava.

Carlos tinha cumprido a promessa feita a Cecília.

Foi com um grito de júbilo que Cecília, cujos terrores haviam recrudescido com a demora, viu parar a carruagem à porta de casa e sair dela o pai, amparado cuidadosamente pelo braço de Carlos Whitestone.

Os primeiros momentos absorveram-nos inteiramente as expansões de alegria.

Correu ao portal e aí recebeu nos braços o pai, chorando comovida. Desentranhava-se aquele piedoso sobressalto em frases soltas, sem nexo, em exclamações, em perguntas, em beijos, em lágrimas e em sorrisos.





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