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Capítulo 21: XXI - O que vale uma resolução

Página 260

Manuel Quintino subiu as escadas apoiado de um lado em Cecília, de outro em Carlos. Foi assim que entrou para a sala, onde Antónia e José Fortunato, no meio de felicitações, de perguntas, e até de conselhos, lançavam olhares de desconfiança a Carlos, que nem atenção lhes dera ainda.

Passada a primeira explosão de alegria, incoerente e irreflectida, houve lugar no coração de Cecília para duas ordens de sentimentos opostos.

O primeiro foi de gratidão para Carlos.

Estendeu-lhe amigavelmente a mão, disse-lhe, com um olhar, uma inflexão de voz e um rubor de faces que multiplicavam o pouco valor da palavra:

– Muito obrigada.

Frase insignificante, que nesta ocasião teve mais eloquência do que um discurso.

Depois, inquietou-a outra vez o estado em que via o pai. A decomposição do rosto, a palidez, a tristeza não habitual reproduziram vivos os receios que a chegada dele serenara.

Interrogou-o então sobre os pormenores do sucedido. Carlos deu uma rápida explicação.

Cecília escutava-o com o sobressalto do susto e lágrimas de reconhecimento. Antónia e José Fortunato acharam nos factos pretextos para formularem conselhos de prudência, a que eles só deram atenção.

Cecília redobrou de cuidados para com o pai; que os aceitava com certa frieza mórbida, que a assustava.

Carlos associou-se por vezes à jovem e carinhosa enfermeira, e com tão inteligente solicitude que obteve dela frequentes sorrisos de aprovação e de agradecimento.

Quando o médico chegou, ainda Carlos não deixara a casa.

O facultativo informou que tinha sido aquilo uma das oito formas de congestão cerebral admitidas por o professor Andral, e das mais benignas. Descreveu os sintomas, apreciou as causas, formulou o tratamento, sangrou e saiu.

Manuel Quintino achava-se melhor.

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pág. 260 (Capítulo 21)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 260

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432