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Capítulo 21: XXI - O que vale uma resolução

Página 258

Em um dos bancos de pedra pareceu-lhe distinguir o vulto escuro de um homem.

Aproximou-se.

Com sentimento de verdadeira alegria, reconheceu Manuel Quintino.

Cedo porém sucedeu o susto a esta primeira impressão.

O velho estava imóvel e com as feições transtornadas, como se fora cadáver já.

Carlos segurou-lhe o braço, que sacudiu com violência.

– Manuel Quintino! Manuel Quintino! – bradava ele.

Respondeu-lhe um som rouco e inarticulado.

Carlos chamou-o mais alto, outra vez.

Àquela voz conhecida, Manuel Quintino abriu lentamente os olhos e fixou em Carlos a vista esgazeada.

– Que é isto, Manuel Quintino? Que faz aqui? Que tem? Diga: que lhe sucedeu?

Depois de alguns esforços, o velho conseguiu exprimir uma resposta desordenada.

– Eu… eu vinha… não sei o que senti em mim… Quando me disseram da… doença de Cecília… quis correr… e… e faltou-me a vista… e… Eu já não estava bom… O frio… julgo que foi o frio… Por mais que quis ver se me movia… Agora mesmo…

– Sossegue. Sua filha está boa e só com muito cuidado pela sua demora. Veja se pode erguer-se.

– Mas… ali… em baixo… disseram-me…

– Foi uma estúpida graça de uns senhores que, avaliando a delicadeza dos sentimentos dos outros por a dos seus, julgaram dever solenizar o 1.° de Abril daquela maneira cruel.

– Deus lhes perdoe, se foi assim…

– Foi; disseram-mo eles mesmos. Ande, venha. Não faça maiores inquietações em casa do que as que já vão por lá.

– Pobre filha!… Eu vou… mas não sei se…

Manuel Quintino tentou levantar-se, porém vacilaram-lhe os passos e caiu sentado outra vez.

Carlos estava irresoluto; não sabia o partido que tomasse.

– Então, Manuel Quintino, veja se ganha forças. Experimente se pode montar a cavalo.

Novo esforço do velho, sucedido de igual resultado.

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pág. 258 (Capítulo 21)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 258

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432