Uma Família Inglesa - Cap. 22: XXII - Educação comercial Pág. 266 / 432

Ao sair, Carlos despediu-se de Cecília, dizendo-lhe:

– Estão empenhados os meus brios, minha senhora. Dentro em três dias prometo ser um caixeiro consciencioso e expedito.

Cecília sorriu, estendendo-lhe a mão.

– Agradecida por tanta generosidade, Sr. Carlos.

– E acredita que seja só generosidade?

– Então?

Carlos não replicou. Correspondeu, sorrindo, ao cumprimento de Cecília, e saiu, sentindo um íntimo contentamento, ao dizer a frase trivial:

– Até logo.

Cecília ficou a pensar no que poderia haver, além de generosidade, no procedimento de Carlos.

Em todo aquele dia andou tão satisfeita a filha de Manuel Quintino, que os cuidados, que a saúde dela tinham causado ao pai, diminuíram consideravelmente; o que não foi para ele pequena garantia de melhora na saúde própria.

Carlos dali foi para o escritório.

Não causou pequena surpresa a Mr. Richard ver Carlos estabelecido na banca de Manuel Quintino, examinando, com solícita atenção, os livros comerciais, as correspondências do dia, e algumas atrasadas; os outros caixeiros não estavam menos admirados do insólito fenómeno; e muito mais ficaram, quando Carlos lhes dirigiu algumas perguntas sobre o andamento de certos negócios, e quando inclusivamente o viram atender alguns fregueses, que vinham pedir informações ao guarda-livros, e responder a muitos já com verdadeiro conhecimento de causa.

Em toda a Praça se falou naquilo; foi um verdadeiro acontecimento no mundo comercial. Houve curioso que fantasiou negócios, só para se informar, por seus olhos, do que lhe constara.

A pronta inteligência de Carlos, auxiliada pela educação que em criança tivera, permitiu-lhe ver claro nos processos de escrituração, onde espíritos, menos cultos e atilados, só conseguem achar caminho depois de muitos esforços e tentativas.





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