Uma Família Inglesa - Cap. 22: XXII - Educação comercial Pág. 265 / 432

– Homem, que conceito faz da minha inteligência?! – insistiu Carlos. – Demais, eu alguma coisa aprendi no colégio que talvez me sirva. Pode ser que não ande de todo já perdida uma ciência que, devo confessar, tenho deixado fora do serviço desde… desde que a adquiri.

– Ora adeus! Onde vão as chuvas do ano passado? Olhem com o que ele vem! O que aprendeu no colégio!…

– Enfim, tentemos. Não se perde nada em tentar. O Manuel Quintino não vai esta semana, nem talvez estes quinze dias ao escritório…

– Longe o agouro!

– Não vai, que não deve ir. Eu estou resolvido a experimentar a minha aptidão comercial. Quem sabe? Pode ser que adquira até gosto pelo negócio.

– Quem dera!

– Pois pode ser. Encarrega-se de me dar lições? Três bastam-me.

– Havia de fazer boas coisas com três lições!

– Apostemos?

– Vá, vá à sua vida. Divirta-se. Isto não é uma brincadeira como…

Carlos revestiu-se de toda a sua gravidade.

– Então, Manuel Quintino! Tão leviano me julga, que não admite que eu fale a sério alguma vez?

– Não, mas…

Cecília tomou, a medo, a defesa de Carlos.

– Uma vez que o Sr. Carlos se oferece para o ajudar, por que não aceita?

– Aí vem a outra! Ora para o que lhe deram hoje! Este rapaz engana-se a si próprio. Eu já disse que não duvido dos seus bons sentimentos, mas…

– Mas – atalhou Carlos – uma palavra só! Quer dar-me algumas lições de escrituração comercial? Bem vê que não perde nada com isso.

– Hão-de ser curiosas!

– Sejam ou não sejam. Quer ou não?

– Não seja essa a dúvida.

– Até à noite, meu mestre – disse Carlos, pegando no chapéu para sair.

– Até à noite – respondeu Manuel Quintino, divertido com a resolução de Carlos, em cujo êxito não depunha fé, mas divertido a ponto de se rir com vontade e de quase se lhe desvanecerem as apreensões a respeito do escritório.





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