Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 22: XXII - Educação comercial

Página 265

– Homem, que conceito faz da minha inteligência?! – insistiu Carlos. – Demais, eu alguma coisa aprendi no colégio que talvez me sirva. Pode ser que não ande de todo já perdida uma ciência que, devo confessar, tenho deixado fora do serviço desde… desde que a adquiri.

– Ora adeus! Onde vão as chuvas do ano passado? Olhem com o que ele vem! O que aprendeu no colégio!…

– Enfim, tentemos. Não se perde nada em tentar. O Manuel Quintino não vai esta semana, nem talvez estes quinze dias ao escritório…

– Longe o agouro!

– Não vai, que não deve ir. Eu estou resolvido a experimentar a minha aptidão comercial. Quem sabe? Pode ser que adquira até gosto pelo negócio.

– Quem dera!

– Pois pode ser. Encarrega-se de me dar lições? Três bastam-me.

– Havia de fazer boas coisas com três lições!

– Apostemos?

– Vá, vá à sua vida. Divirta-se. Isto não é uma brincadeira como…

Carlos revestiu-se de toda a sua gravidade.

– Então, Manuel Quintino! Tão leviano me julga, que não admite que eu fale a sério alguma vez?

– Não, mas…

Cecília tomou, a medo, a defesa de Carlos.

– Uma vez que o Sr. Carlos se oferece para o ajudar, por que não aceita?

– Aí vem a outra! Ora para o que lhe deram hoje! Este rapaz engana-se a si próprio. Eu já disse que não duvido dos seus bons sentimentos, mas…

– Mas – atalhou Carlos – uma palavra só! Quer dar-me algumas lições de escrituração comercial? Bem vê que não perde nada com isso.

– Hão-de ser curiosas!

– Sejam ou não sejam. Quer ou não?

– Não seja essa a dúvida.

– Até à noite, meu mestre – disse Carlos, pegando no chapéu para sair.

– Até à noite – respondeu Manuel Quintino, divertido com a resolução de Carlos, em cujo êxito não depunha fé, mas divertido a ponto de se rir com vontade e de quase se lhe desvanecerem as apreensões a respeito do escritório.

<< Página Anterior

pág. 265 (Capítulo 22)

Página Seguinte >>

Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 265

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432