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Capítulo 22: XXII - Educação comercial

Página 267

Os pontos capitais recordou-os ou compreendeu-os à força de reflexão; restavam-lhe pequenas dúvidas, dificuldades de segunda ordem, que a experiência de Manuel Quintino, em poucos momentos, deveria elucidar.

Estas dúvidas e dificuldades, é preciso dizer-se, eram principalmente sobre a utilidade dos complicados processos de escrituração que Manuel Quintino, fiel aos velhos sistemas, escrupulosamente seguia. Carlos previa métodos mais simples e expeditos para executar certos lançamentos e operações e, vendo adoptados os mais extensos e tortuosos, sentia-se embaraçado, supondo haver alguma razão para a preferência e não a podendo descobrir.

Ao sair do escritório levava Carlos muito adiantada a sua instrução comercial. Havia muito tempo que não tivera tão laboriosa manhã!

À noite, quando se preparava para ir a casa do mestre, encontrou Jenny no corredor, a qual, como gracejando, lhe disse:

– Será verdade, Charles, o que acabo agora de saber?

– Então que soubeste tu?

– Que foste hoje um canseiroso guarda-livros e que a todos maravilhaste no escritório com a tua aplicação ao negócio.

– É verdade; tive esta manhã este capricho.

– Capricho? Será somente capricho essa febre súbita de trabalhar que te acometeu?

– Então que mais há-de ser?

Jenny esteve algum tempo calada, sem desviar os olhos do irmão.

– Tens razão. Será capricho. É decerto; mas talvez não tão inocente e sem importância como o queres fazer.

– Aí está que também tu és inconsequente, Jenny.

– Porquê?

– Ralhavas-me, há dias, por o meu desapego aos negócios do escritório; agora vejo-te com vontade de me ralhares pela minha aplicação.

– Se não houvesse nela uma intenção, de que eu desconfio!

– Uma intenção?…

Jenny mudou de tom.

– Deixas-me fazer-te uma pergunta?

– Diz.

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pág. 267 (Capítulo 22)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 267

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432