Uma Família Inglesa - Cap. 22: XXII - Educação comercial Pág. 271 / 432

– Não é tal. E senão vejamos: A escrituração pode fazer-se por partidas chamadas simples e dobradas; não é verdade?

– É, sim, senhor.

– E diferem elas…

– Eu lhe digo – atalhou Manuel Quintino. – Suponha o senhor que ali o Sr. Fortunato compra dez pipas de vinho à casa. Percebe?

– Que havia eu de fazer a tanto vinho? – resmoneou o Sr. José Fortunato, para dizer alguma coisa.

– As quais pipas importam – continuou Manuel Quintino – em dois contos de réis. Percebe?… O senhor escreve no Diário, em letras grandes – sempre em letras grandes – percebe? José Fortunato deve, por dez pipas de vinho a 200$000 réis – dois contos de réis. Percebe?

– Sim; isso já eu sei… mas…

– Espere lá. Oh, homem! Já sabe, já sabe! O senhor sabe tudo! Então, se já sabe!… Este é o método de partidas simples.

– Perdão. Entendo que o método de partidas simples não se resume a tão pouco, pois que…

– Se é assim, pouco mais difícil é do que aquele pelo qual faço a escrituração da nossa casa – disse Cecília, rindo, e enquanto ajeitava a dobra do lençol, que Manuel Quintino desordenara.

– E creia, minha senhora – acudiu logo Carlos, no mesmo tom – que, afinal de contas, muitos dos nossos caixeiros deviam tomar por modelo a simplicidade dos métodos de V. Ex.a, pois valem mais do que as baralhadas e misteriosas escriturações de certos livros, nos quais a melhor vista não consegue penetrar. Parece-me.

– Pois parece-lhe uma tolice – disse Manuel Quintino, a quem impacientavam estes levianos juízos críticos sobre uma arte, para ele tão transcendente como perfeita.

José Fortunato bocejava.

– Mas vamos cá – prosseguiu Manuel Quintino. – Quer ver agora como fazia aquele lançamento por partidas dobradas? Se o Sr. José Fortunato, comprando o vinho,





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