Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 22: XXII - Educação comercial

Página 270

A chegada de José Fortunato não alterou esta disposição de coisas e de pessoas; não era ele homem para constranger ninguém.

– Ora vamos a isto – começou Manuel Quintino –; para lhe falar verdade, não sei bem por onde principie.

– Eu lhe digo… – ia Carlos a responder, quando Manuel Quintino o interrompeu.

– Então, então! Não principie já a atrapalhar, senão não temos nada feito. Ora espere lá… Deixe-me cá ver…

E, depois de pensar algum tempo, continuou:

– Usam-se no comércio três livros principais…

Este começar ab ovo não agradou ao discípulo, que o atalhou dizendo:

– Já sei.

– Já sabe! Como já sabe?

– Pois nem isso havia de saber?! Creia que esta manhã, no escritório, levei a minha instrução comercial ainda muito mais longe.

– Ora adeus!

– Verá.

– Então, se já sabe, escuso eu de…

– Sei que há três livros principais em comércio, que se chamam: Diário, Razão e Caixa, e que há também os auxiliares.

Manuel Quintino estava deveras admirado de Carlos saber tanta coisa!

– O pai de que se admira? Eu mesma, parece-me que sabia isso também – disse Cecília.

Manuel Quintino olhou para ela e encolheu os ombros.

– Com que gente eu estou metido! Bem – acrescentou pouco depois para Carlos –; então faça favor de me dizer o que é que não sabe, para eu lhe ensinar.

– Olhe: eu o que desejo é obter esclarecimentos, em relação a certos pontos, sobre que tenho dúvidas. O processo da escrita afinal não é coisa tão complicada que não se possa compreender, examinando-a com atenção; muito mais se, conseguindo despertar a memória, alguma coisa ela nos vem também auxiliar. Só me parece que esse processo ainda podia ser mais simples do que o fazem.

– Não podia, não, senhor. Não venha agora para cá com modernices. Tudo é preciso.

<< Página Anterior

pág. 270 (Capítulo 22)

Página Seguinte >>

Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 270

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432