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Capítulo 22: XXII - Educação comercial

Página 272
aceitasse uma letra ou lhe endossasse alguma, pagável à ordem dele; percebe? O senhor escrevia no Diário: Letras a receber a vinho… – Note que os nomes do credor e do devedor se escrevem sempre em letra grande. – Percebe? Depois explicava a transacção por baixo destes títulos…

Não pretendendo os leitores provavelmente instruir-se em ciência comercial, dispensar-me-ão de transcrever na íntegra a prelecção de Manuel Quintino.

Durante ela, manteve-se sempre em conflito o espírito prático, o respeito às velhas fórmulas, a experiência intransigente do mestre, com o arrojo inovador, as tendências simplificadoras e a aversão a inúteis complicações do discípulo.

Mais uma vez se verificou a eterna luta entre a teoria e a prática; uma, com seus instintos de jovem, com seus hábitos de actividade, com seus amores pelo futuro e pelo progresso; outra, com a frieza da idade madura, com uma índole, essencialmente prosaica e conservadora, fiel ao passado, que foi seu mestre, desconfiada do futuro que não conhece, severa para com as ideias novas, cujos humores travessos a impacientam. Uma, brincando e esperando no dia de amanhã, como criança; outra, ralhando e suspirando pelo dia de ontem, como avó; uma, apaixonada do ideal e reparadora de tuertos, como D. Quixote; outra, odiando utopias, e contente com a ordem estabelecida de coisas, como Sancho. Em todos os campos da ciência humana se encontram, frente a frente, estas duas filas de contendores. Enquanto o método novo baseia raciocínios e assenta diagnósticos sobre recentes descobertas fisiológicas, o prático velho encolhe os ombros, sorri, formula ou opera; enquanto o jovem letrado desenvolve teorias de ciência social, vistas transcendentes de filosofia de direito; o jurista, encanecido no foro, examina os artigos do código, esmiúça a letra da lei, aconselha as partes e despacha os autos.

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pág. 272 (Capítulo 22)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 272

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432