Uma Família Inglesa - Cap. 26: XXVI - Ineficaz mediação de Jenny Pág. 299 / 432

Era o relógio e a corrente que recebi do pai quando…

– E foste?… Ó Charles! – disse Jenny, olhando com desaprovação para o irmão.

– Tirei da corrente este pequeno sinete de ágata, a parte menos valiosa do presente, para conservar uma memória dele. Sabes que não é pelo preço dos objectos, que me oferecem, que eu os aprecio. Vendi o mais; confesso que vendi. Passadas horas o acaso fez-me o favor de conduzir meu pai pela mão justamente até à loja do ourives onde relógio e corrente estavam já expostos à venda. Reconheceu-os, comprou-os de novo, e trouxe-mos, dizendo-me por essa ocasião algumas palavras que… que só a ele poderia, e deveria, ter a paciência de ouvir.

– Mas… que má cabeça a tua! Para que foste vender aquele relógio, que ele, coitado, com tanto gosto mandara vir para ti?

– Porque se tratava de alguma coisa mais importante e mais grave do que os arrufos de um pai, por mais respeitáveis que eles possam ser.

Jenny fez involuntariamente um gesto de dúvida.

– Acredita-me, Jenny. Não duvides tu, como ele duvidou. Afirmo-te, tomando os mais sagrados testemunhos, que, se ainda se desse o motivo que se deu, não hesitaria, apesar do que houve, em vender outra vez este mesmo relógio e esta mesma corrente.

– Então que forte motivo foi esse?

– Não posso dizer-to.

– Já me não contas, como dantes, os teus segredos, Charles?

– Este não é meu.

Jenny calou-se.

Carlos olhou por algum tempo para a irmã; depois veio pegar-lhe nas mãos, dizendo:

– Olha bem para mim, Jenny. Tu estás a duvidar também da minha palavra.

– Não… Charles… não duvido.

– Diz: podes acreditar que teu irmão, com todos os seus estouvamentos, cometa uma vileza?

– Ó Charles! Que pergunta!

– Podes acreditar que ele se esqueça por um momento do muito respeito e amor que te deve, Jenny? E da veneração que sempre teve pela memória da mãe, que mal chegou a conhecer?

– Não, Charles, não.





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