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Capítulo 26: XXVI - Ineficaz mediação de Jenny

Página 300
Para que me perguntas isso? Ninguém melhor do que eu te conhece o coração e te avalia os sentimentos; bem o sabes. Ninguém te faz mais justiça – respondeu Jenny, sensibilizada com a manifesta comoção que se conhecia na voz de Carlos, quando lhe falara assim.

– Pois de tudo isto me acusaram há pouco… E foi meu pai!

– E julgas que o pensava, ainda quando to dizia… se o disse?

– Se o não pensasse, calar-se-ia ao ver o mal que me causavam aquelas acusações e a maneira por que as repeli… mas insistiu.

– Perdoa-lhe tu também isso. Vamos; conquanto eu não faça a injustiça de te supor capaz de acções tão carregadamente más como essas que dizias, acredito também que não seja de todo um justo este incorrigível irmão que tenho, e creio que precisará um pouco da indulgência, que recusa ter para com os outros. Tudo isso passou já. Olha, meu Charles, tu deves fazer como os lagos e como os prados, que não conservam vestígios das nuvens que os assombram, ao passarem por diante do Sol. Se visses como o pai ficou, assim que te retiraste da mesa! Coitado! Se foi injusto contigo, está pagando bem cara a injustiça! Acredita que o sente mais do que tu. Eu estava a reconhecer nele o desejo de te pedir desculpa por alguma coisa de que se arrependia já. Mas, que queres? Estas passagens não se podem fazer assim depressa, ainda que haja a melhor vontade. E tu não lhe deste tempo. Serias um anjo, Charles, se fosses bom e generoso a ponto de… – E olha que era uma vingança também. – Se fosses bom e generoso a ponto de voltares para a sala e vires fazer companhia ao pai esta tarde…

– Tu, que me conheces, Jenny, como podes lembrar-te dessa proposta? Não sabes como eu sou? Percebeste alguma vez em mim a aptidão para dissimular, de que precisaria, se quisesse fazer o que me indicas? Os meus ressentimentos são curtos, é verdade; mas, enquanto duram, não sei disfarçá-los.

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pág. 300 (Capítulo 26)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 300

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432