– Que evito! Pois imaginas?…
– Não imagino, sei. Cuidas tu, Charles, que tenho perdido de vista o irmão que tão longe dela tem procurado andar? Ai, não tenho, não.
– E que tens visto a essa distância? – perguntou Carlos, gracejando.
– O bastante para me afligir; o bastante para pedir a Deus que me inspire um dia, em que talvez seja mais carregada do que nunca a nuvem que venha ameaçar-nos.
– Visionária!
– Oh! Se o fosse!
– Não me dirás tu, Jenny, como te deu para seres tão apreensiva desta vez! Logo desta, em que não é um capricho o que se apoderou do coração de teu irmão!
– Não é?
– Não, digo-to afoutamente, não é. É um sentimento novo para mim aquele a que ando sujeito… Aí volto eu às velhas confidências de outros tempos; não reparas?
– Desta vez, Charles, há duas pessoas, que ambas me são caras, empenhadas nisto; eis uma causa da minha inquietação. Desta vez, se de um dos lados somente houver sinceridade… – e será do teu lado, a havê-la somente de um? – recairá sobre o outro todo o peso de irremediável infortúnio; outra causa que me faz estremecer. E quando sejam sinceros ambos, não haverá tantas lutas a travar, tantos obstáculos a vencer? É de tudo isto que vêm as minhas apreensões.
– Sossega, Jenny; eu tenho mais confiança no futuro do que tu.
Neste ponto, entrou um criado com recado de Mr. Richard a Jenny de que eram horas de preparar-se para a visita a Mr. Smithfield.
– Então, Charles… Vens? – disse ela ainda uma vez para o irmão.
– Por quem és, Jenny, não insistas mais. Basta que te diga que não sei de motivo tão forte que me pudesse obrigar hoje a faltar à minha promessa.