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Capítulo 26: XXVI - Ineficaz mediação de Jenny

Página 302

As lágrimas assomaram desta vez aos olhos de Jenny.

– Era para tos evitar que eu insistia, Charles… Perdoa-me se…

E a comoção não a deixou continuar.

Carlos apoderou-se-lhe das mãos, que cobriu de beijos.

– Minha boa Jenny! Minha generosa irmã! Perdoa-me tu, perdoa a este estouvado que nem sabe o que diz. De joelhos te devia implorar, filha, eu, que te pago em lágrimas os sorrisos que me dás. Tu a pedir-me perdão! Eu a perdoar-te, Jenny! O quê?… O conforto que me tens dado sempre?… Esta serenidade que me fazes durar na vida, anjo? As carícias e cuidados de mãe que me ensinaste a conhecer? Pobre mãe, só dois anos mais velha do que este mau filho, que não sabe senão afligi-la! É isto que tenho a perdoar-te? Diz. Não repares para as loucuras desta minha cabeça. E agora escuta-me. Eu desejava fazer-te a vontade mas… ontem… o… Manuel Quintino mostrou-me desejos de celebrar na minha companhia o último dia de reclusão a que a doença o tem obrigado. Amanhã já ele sai. É uma pequena e suave festa de família, e na qual somente servem de galas os afectos e as flores. Esta manhã não pude ir visitá-lo, como ele me pediu… Era agora, à noite, que eu tencionava ir… Queres que eu deixe de satisfazer o desejo do pobre homem?

Jenny, depois de fitar por algum tempo o irmão, suspirou, baixando os olhos.

– Responde, Jenny – repetiu Carlos – e se julgares que, no meu lugar, poderias fazê-lo, sem que um pequeno remorso to estorvasse, eu obedeço-te e… não irei.

Jenny permanecia calada.

– Então? – repetiu Carlos.

– Que queres que te responda, Charles? Seria sem hesitação que eu te diria «vai», se estivesse convencida de que é esse sentimento de generosidade o que te chama lá.

– Então duvidas do que eu disse?

– Não. Mas duvido, e há muito, do conhecimento que tens de ti próprio.

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pág. 302 (Capítulo 26)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 302

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432