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Capítulo 28: XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto

Página 316

– E eu que o diga – acrescentou Antónia.

– Que diabo estão vocês a rosnar? – perguntou Manuel Quintino.

– É que… – ia Antónia a explicar-se, quando Cecília a interrompeu.

– Ande, Antónia, ande; traga então o chá, ande; avie-se.

E disse isto com a impaciência de quem não admitia demoras.

Antónia obedeceu. Cecília deixou também por um pouco a sala. O Sr. José Fortunato aproveitou o ensejo para fazer o seu amigo ciente do que havia, em relação a Carlos.

Muito contra o que esperava, em vez de o ver indignado e horrorizado quase, achou-o com umas disposições para levar o caso a rir, que o maravilharam.

– Aquela cabeça não toma rumo! – dizia Manuel Quintino. – Nem eu sei como por tanto tempo aturou o serviço do escritório! E olhe que foi bom e real serviço o que ele fez! Inda estou para saber como aquele diabo de rapaz pôde em tão pouco tempo fazer o que a muitos leva anos! Mas então com que… esta manhã… Hem?… Fugiu o pássaro da gaiola? E de carruagem! Fugirá a sobredita senhora com o rapaz para o deserto? Eh! eh! eh!… Bem; então… nesse caso… vamos nós tomando o nosso chá, Sr. Fortunato, vamos. Já o podiam ter dito; escusávamos de ter alterado as horas…

Quando Cecília voltou à sala, inda Manuel Quintino ria, a bom rir.

– Cecília – disse-lhe ele – vamos ao nosso chá; voltamos hoje aos nossos antigos hábitos, filha. Isto de pássaros novos fogem, pilhando a gaiola aberta… Os que ficam são estes, como o Sr. José Fortunato, que já estão trôpegos de todo… Eh! eh! eh!…

O Sr. José Fortunato não gostou demasiadamente da imagem. Manuel Quintino prosseguiu:

– Aqui o amigo contou-me agora a história de uma certa carruagem e de um certo rapaz, que Antónia lhe disse… é muito engraçada… Eh! eh! eh!

– Eh! eh! eh! – fez o Sr. José Fortunato também – mas ficou-lhe bastante caro o entrar no dueto, visto que Cecília o castigou, dizendo:

– Engraçada? Então é por excepção.

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 316

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432