Uma Família Inglesa - Cap. 28: XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto Pág. 323 / 432

vezes mentirosas ilusões dos desejos, quem há aí que possa gabar-se de nunca vos ter experimentado?

Cecília foi subitamente despertada daquele quase sonho, em que parecia arrebatá-la a claridade do luar, por a voz de alguém que lhe pronunciava o nome por baixo da janela.

Cecília reconheceu, estremecendo, aquela voz.

Era a de Carlos.

– Ó Sr. Carlos! – exclamou ela, sobressaltada e fazendo um movimento instintivo para retirar-se.

– Escute – disse Carlos – escute-me. São poucas palavras só as que tenho a dizer-lhe. Vim aqui sem esperança de lhe falar. Contento-me há muitos dias com menos. Ver as janelas da casa em que mora tem-me bastado. Mas, uma vez que o acaso a trouxe aí, deixe-me não perder a única ocasião que tenho agora para lhe dizer o que desejava…

– Mas bem vê que…

– Ouça-me. Dei a minha palavra a seu pai de que não voltaria a esta casa. Houve alguém interessado em interromper as minhas visitas, e conseguiu-o, porque eu mesmo julguei necessário interrompê-las. Acreditará que o fiz sem custo, Cecília?

Cecília não respondeu, porque não podia.

– De hoje em diante só um motivo me pode trazer de novo aqui, a sua casa, à luz do dia, e aos olhos de todos; mas antes, preciso interrogar o seu coração, Cecília. Ele só me pode autorizar a adoptá-lo, esse motivo que digo.

Cecília ganhou coragem e conseguiu enfim responder:

– Sr. Carlos, a doença de meu pai acabou. O generoso procedimento que teve para com ele, durante os dias dessa doença, creia que fez nascer em mim sentimentos de… gratidão, que nunca mais esquecerei. Recordo-me de que fui a primeira a implorar o seu auxílio, e sei de que importância foi o que me concedeu. Por nós quis o Sr. Carlos abandonar, e por muito tempo, hábitos de vida própria da… sua idade, e… da sua posição… O último dia da enfermidade de meu pai, pelo menos, devia para si, Sr.





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