Carlos, ser o primeiro dia de liberdade e… e foi. Se meu pai entendeu que devia exigir… ou pedir-lhe que terminasse o… sacrifício, não me compete a mim ir de encontro às resoluções de meu pai. Não vejo a necessidade de adoptar qualquer motivo para renovar umas visitas, que hoje não têm razão para serem renovadas… por isso…
– Mas, Cecília, e se essa razão, e forte, e irresistível, e urgente, estiver em mim, no meu coração?
– Sr. Carlos, espero que me faça a justiça de acreditar que… – e a voz de Cecília tremia ao dizer isto – que eu sou ainda superior a esses galanteios. Se as circunstâncias, que acompanharam o nosso primeiro encontro, lhe puderem deixar impressões que o levem a tratar-me assim, peço-lhe que se recorde de que Jenny, de que sua irmã, ainda me trata como amiga, depois de saber tudo quanto naquela noite se passou.
– Cecília!
– Adeus, Sr. Carlos. Sei que há muita nobreza de sentimentos na sua alma e por isso espero dela que compreenda a necessidade de acabar com isto. Adeus.
E retirou-se apressadamente da janela.
Carlos ficou por muito tempo imóvel no lugar em que Cecília o havia deixado, e sem saber como explicar tão rigorosa severidade.
Não tinham decorrido muitos minutos, assomou à mesma janela um vulto que, curvando-se para a rua, disse em tom de zombaria, para Carlos:
– Muito boa noite. Com licença.
E fechou as portas da janela.
Era a Sr.a Antónia, que tinha espiado de longe Cecília, sem que conseguisse ouvir o diálogo dela com Carlos. Logo que a sua jovem ama se retirou, correu a observar quem estava na rua, viu e reconheceu Carlos ainda junto ao muro.
Carlos, achando-se surpreendido, estremeceu e partiu dali inquieto.
– Saberia ela que a ouviam e por isso falaria assim? Ou espiá-la-ão sem que o desconfie? Alguma coisa deve ter-se passado, desfavorável para mim, para ser assim tratado.