Uma Família Inglesa - Cap. 29: XXIX - Os amigos de Carlos Pág. 334 / 432

Acudiu ao chamamento o seu criado particular.

Carlos entregou-lhe a carta, dizendo:

– Leva ao seu destino.

Ia o criado a retirar-se, quando ele o reteve para lhe dizer ainda a meia voz:

– Se te perguntarem… diz que é do mando de… miss Jenny.

O criado, mostrando ter compreendido, saiu.

Todos haviam guardado silêncio até então, seguindo com pasmo os movimentos de Carlos.

Depois de o criado se retirar, ainda este silêncio se manteve por algum tempo; afinal uma voz disse:

– Bonito final de acto! O criado sai, Carlos senta-se sorumbático, e os outros actores contemplam-no atónitos e… aparvalhados – Tableau.

A estas palavras, todos se entreolharam e, como se se achassem uns aos outros ridículos, soltaram uníssona gargalhada.

Carlos julgou melhor sorrir também, ainda que interiormente se lhe estivesse redobrando a impaciência.

– Palavra de honra! – continuou um – que nunca vi Carlos assim. Está romântico.

– Ultra!

– Furioso!

– Como um leão!

– Como um touro!

– Como um turco! – disse o de tendências orientalistas.

– Vá, vá Carlos; observa os bons princípios. O amor fez-te selvagem. Civiliza-te.

– Conta-nos a história dessa Cecília.

– É alta, ou baixa?

– Morena, ou loura?

– Tipo grego, ou oriental?

– Aposto que é a do dominó.

– Com certeza.

– Vá, homem; conta-nos como isso principiou.

– Olha que uma paixão concentrada é um ninho de aneurismas; cautela! – disse o médico das doenças de alma.

– Cecília! É eufónico na verdade!

– Peço-lhes que não continuem a falar assim de um nome que eu… respeito.

Uma risada geral acolheu o pedido.

– Ah! ah! ah! Estás muito bom!

– Estás delicioso!

– Nunca o vi apurado a este ponto!

– Ó Carlos!

– Povero amico!

O rubor de despeito e de cólera tingiu as faces de Carlos.





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