Uma Família Inglesa - Cap. 34: XXXIV - Manuel Quintino alucinado Pág. 389 / 432

Acabando de cantar, Morlays sentou-se e bebeu novo cálice de vinho.

Apenas um monossílabo seco de Mr. Richard Whitestone o congratulou.

A misantropia de Mr. Morlays, azedada com o escândalo de Manuel Quintino, folgou com a vingança que tomara. Daí por diante todos somente suspiravam por se levantar da mesa.

Mr. Brains foi o primeiro que ousou fazê-lo. À índole jovial do Demócrito inglês repugnava a atmosfera pesada que estava respirando ali. Mr. Morlays imitou-o. O mau humor deste crescera de ponto com as ocorrências do dia. As suas caprichosas digestões estavam em risco de serem perturbadas, e em consequência disso teve a humanidade muito que sofrer no conceito de tão hipocondríaco personagem.

Carlos retirou-se também ao quarto.

XXXV

A sentença do pai

Manuel Quintino, ficando só na presença do patrão, não se sentia à sua vontade. Foi pois com verdadeira satisfação que recebeu um recado de Cecília, a pedir-lhe que a acompanhasse a casa.

Despediu-se de Mr. Richard, a quem dirigiu pela segunda vez mal formuladas desculpas, que o inglês recebeu com afabilidade, e ao mesmo tempo com ares de quem preferia não ouvir falar mais em tal.

Manuel Quintino foi ter com Cecília, que estava na outra sala com Jenny.

– Cecília, perdoa-me se duvidei de ti – disse ele com a voz sufocada –; perdoa a minha imprudência de há pouco, filha; foi uma loucura. Bem o vejo agora. Perdoa-a ao muito amor de teu pai…

A comoção não o deixou continuar.

Cecília lançou-se-lhe, chorando, nos braços.

– Manuel Quintino, que está a fazer? – disse Jenny. – Não vê como a aflige?

– Menina – respondeu Manuel Quintino, voltando-se para ela –, perdoe-me também se pude imaginar que a sua protecção de santa… – de verdadeira santa, miss Jenny – que essa abençoada protecção podia deixar-se vencer.





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