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Capítulo 34: XXXIV - Manuel Quintino alucinado

Página 390
E, por quem é, não se esqueça de velar por ela, por minha filha!

– Mais valiosa protecção encontra Cecília em si mesma – respondeu Jenny. – É um coração forte.

Manuel Quintino tinha a cabeça da filha encostada ao peito; ouvindo estas últimas palavras, cingiu-a ainda mais a si, e murmurou para Jenny, procurando não ser percebido por Cecília:

– Forte?… Era… enquanto lhe pertencia.

Jenny demorou o olhar nas feições do velho.

Aquela resposta dava a entender que algumas suspeitas lhe restavam ainda da verdade; que ele podia estar convencido já da inocência da filha, que podia julgar com menos severidade e dúvida as atenções e procedimentos de Carlos, mas sem haver fechado de tal maneira os olhos à evidência, que supusesse que nada havia de comum entre os corações dos dois.

Jenny respondeu, percebendo isto:

– Forte há-de sê-lo sempre; resta fazê-lo feliz.

– Se miss Jenny o não conseguir, quem mais o conseguirá?

– Trabalharei – disse Jenny, sorrindo.

– Dê-lhe a serenidade do seu coração e tê-la-á salvado.

Jenny, que abraçava neste momento Cecília, ouvindo estas palavras, meneou a cabeça, e, entre risonha e melancólica, disse ao ouvido da sua amiga:

– Não é assim que eu desejo salvar-te.

Pela primeira vez a tratava por tu.

Enquanto se passava esta cena, Carlos, de volta ao quarto, engolfava-se em pensamentos profundos. Tudo quanto lhe sucedera lhe estava reproduzindo a memória, e cópia de afectos e de paixões agitavam-lhe o coração em palpitar desordenado.

Que lhe competia fazer? Como devia sair da posição em que se achava? De que maneira compensar com uma resolução nobre, digna dos sentimentos que percebia no coração, a insuperável timidez que durante o jantar se apoderara dele?

Nisto pensava Carlos, quando o criado lhe entrou no quarto anunciando que Mr.

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 390

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432